Entenda o Racismo Ambiental

Por Tatiane Matheus para o ClimaInfo

O aquecimento global é um fato científico comprovado. A emergência climática faz com que o mundo debata sobre a necessidade de um novo acordo para mitigar e adaptar suas consequências.

Porém, os efeitos das mudanças climáticas não são iguais para todos. Quando são conectadas consequências da emergência climática com as questões sociais, econômicas, políticas, raciais e de gênero, fica clara a existência do Racismo Ambiental.

O termo Racismo Ambiental surgiu nos Estados Unidos, no final dos anos 70, quando o reverendo Benjamin Chavis o nomeou, basicamente, pela percepção de que eram as comunidades negras que sofriam com o lixo tóxico descartado por uma fábrica.

Durante a COP26* representantes de mais de 220 entidades da sociedade civil assinaram um manifesto contra o racismo ambiental.

*Conferência das Partes – Convenção-Quadro das Nações Unidas sobre Mudança de Clima).

A crise climática é também humanitária e tem impacto direto na vida das populações negras, quilombolas e dos povos indígenas. Negar o racismo ambiental é negar que o Estado brasileiro é racista...”

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...é negar a realidade da vida nas periferias; é negar a violação dos direitos de comunidades, territórios quilombolas e terras indígenas; é negar a história de urbanização do país e suas profundas desigualdades territoriais."

Coalizão Negra de Direitos no manifesto.

Pensar sobre Racismo Ambiental no Brasil começa com o desafio de entendê-lo a partir das raízes de nossa sociedade, de origem escravocrata.

Pode-se tangibilizá-lo ao se observar como o Estado deixa de proteger determinadas populações étnico-raciais.

Ou  observando a existência de conflitos em algumas áreas por disputas entre pessoas e empresas que exercem uma determinada atividade econômica com a população originária da região.

Como o Racismo Ambiental impacta a vida das pessoas?

indígenas

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Se a tese da mudança na lei de demarcação de terras indígenas que tramita no Congresso (ano de 2021) seguir, esses povos terão seus direitos territoriais diminuídos.

quilombolas

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A falta de reconhecimento de territórios quilombolas traz vários entraves a essa população em conflitos relacionados às obras de infraestrutura pelo país e por grilagem de terra.

gentrificação

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Ou, ainda, a gentrificação de bairros em cidades, processos nos quais os habitantes dessas regiões são forçados à uma diáspora.

infraestrutura

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Também na falta de infraestrutura nas periferias das cidades, onde as pessoas sofrem com enchentes, pela falta de saneamento básico, por lixões sem tratamento, entre outros problemas.

Quem está nesses lugares?

Pessoas não-brancas.

Dessa forma, ao entender o problema em sua complexidade e em todas as interseccionalidades existentes atravessando a questão, parte-se da necessidade trazer às esferas de decisão quem sofre com as consequências para que se sejam realizadas ações efetivas para mitigação dos efeitos do aquecimento global.