COP19- Objetivo incial é 'pavimentar' acordo de redução de CO2

Estádio Nacional, em Varsóvia, será a sede da conferência. O relógio situado no alto da torre sugere que os líderes mundiais corram contra o tempo. Foto: Ministério do Meio Ambiente da Polônia
Estádio Nacional, em Varsóvia, será a sede da conferência. O relógio situado no alto da torre sugere que os líderes mundiais corram contra o tempo. Foto: Ministério do Meio Ambiente da Polônia

 

O relógio no alto da torre, próximo ao Estádio Nacional da Polônia, em Varsóvia, sugere que o tempo não para, como já cantara Cazuza, e que também não há muito tempo para os chamados líderes mundiais definirem medidas para conter o aquecimento do planeta e seus efeitos. Representantes de mais de 190 países se reúnem a partir de segunda-feira, 11 de novembro, na capital polonesa, para participarem da 19ª Conferência das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas (COP-19), com o objetivo de definirem as bases para um acordo em 2015 que tentará minimizar as mudanças climáticas.

A ambição é ter sucesso no grande encontro climático previsto para Paris em menos de dois anos, onde Copenhague fracassou em 2009: selar um acordo sobre uma redução das emissões de gases do efeito estufa (GEE) suficiente para limitar o aquecimento global a 2°C em relação à era pré-industrial.

“É agora que devemos agir contra as mudanças climáticas, e Varsóvia tem que mostrar que compreendemos esta mensagem”, destacou recentemente a responsável pelas questões climáticas na ONU, Christiana Figueres.

Um dos desafios que estarão em pauta na Polônia diz respeito as emissões de gases do efeito estufa, que continuam a crescer. Outra má notícia: o carvão deve se tornar em 2020 a primeira fonte de energia da economia mundial devido ao apetite dos principais países emergentes.

Para conter o aquecimento global a 2°C, será necessário que as emissões de GEE em 2020 permaneçam em até 44 Gt (atualmente elas já são cerca de 50 Gt por ano), e que, em seguida, sejam reduzidas pela metade até 2050, indicou na primeira semana de novembro o Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (Pnuma).

Pautas na mesa

O que está em jogo nestas negociações é dividir o esforço entre os grandes poluidores como a China (23% das emissões globais de GEE), os Estados Unidos (15%), a União Europeia (11%), a Índia e Rússia (5%). Conforme decidido em Durban, em 2011, o acordo de 2015 deverá contar com o envolvimento de todos os países – ao contrário do Protocolo de Kyoto, que cobria apenas os países industrializados – e ser juridicamente vinculativo.

As discussões se anunciam difíceis quanto ao nível de restrições legais do texto, questão particularmente sensível para os norte-americanos, que ainda relutam em ratificar um tratado internacional, ou no nível de envolvimento das economias emergentes, que clamam por seu direito ao desenvolvimento e a responsabilidade dos países industrializados no aquecimento global.

Se nenhuma decisão final é esperada em Varsóvia, “é importante conseguir superar algumas diferenças e ter mais clareza sobre o que as partes estão tentando alcançar em Paris”, considera Alden Meyer, da organização não governamental Union of Concerned Scientists.

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Raiz do problema

No sábado (9), dois dias antes de começar a COP-19, o Greenpeace realizou um protesto pacífico para mostrar aos governos do mundo a urgência em eliminar gradualmente os combustíveis fósseis, que causam sérios danos ambientais, de suas matrizes energéticas.

Em seis termelétricas a carvão do país, mensagens como “A mudança climática começa aqui!” e “O aumento do nível do mar começa aqui!” foram projetadas em várias línguas para chamar a atenção das pessoas e, em especial, dos negociadores do clima, para as grandes fontes de emissão de carbono, diretamente responsáveis pelas mudanças climáticas, em muitos casos irreversíveis.

“É hora de os governos mundiais pararem de atuar em prol do interesse das indústrias de combustíveis fósseis. Eles precisam parar de colocar os lucros das empresas emissoras de carbono a frente do bem-estar dos cidadãos e do planeta”, disse Kumi Naidoo, diretor-executivo do Greenpeace Internacional.

Anfitriã do evento, a Polônia possui 90% de sua economia baseada em combustíveis fósseis. No entanto, seu governo segue bloqueando a União Europeia de adotar metas mais ambiciosas e assumir compromissos concretos nas negociações climáticas.

A COP-19 segue até o dia 22 de novembro.

* Publicado originalmente no site EcoD.