COP19: Competição entre os países durante as negociações

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O ADP, Protocolo Durban, deve ser discutido durante a COP19 e estará vigente a partir de 2020, uma vez que o de Kyoto perdeu sua validade. Mas as negociações estão ainda distantes do consenso

Parece que as coisas não andam tão amenas nas negociações da ADP (Protocolo Durban) com foco em adaptação e mitigação por aqui. Na última quinta-feira (14), fui à uma das reuniões de negociação e entre um comentário e outro dos países, a gente conseguia claramente perceber uma ou outra alfinetada e muita retaguarda entre as partes.

Havia, no telão, algumas perguntas que, de duas em duas, guiavam a conversa. Na hora de falar sobre mitigação, após ouvirem as questões, a princípio ficaram todos em silêncio, contidos, levando o vice-presidente a brincar: “então, ninguém quer falar sobre mitigação?”.

Como podemos potencializar e desenvolver mais as regras multilaterais no sistema de base considerando a mitigação? Que componentes e regras devem conter?

Que arranjos devem garantir que os compromissos entre as partes sejam ambiciosos de acordo com a ciência, equivalente e justo, ambos individualmente e agregados?

Depois, todos queriam dar sua opinião a respeito, a ponto de, a reunião que estava marcada para seguir até às 13h, ultrapassar 50 minutos do tempo previsto. A China foi a primeira a se pronunciar e, como disse, não tinha resposta para aquelas perguntas, mas sugeria que deveriam começar pelos princípios de equidade, e como não estava na pergunta (olha essa alfinetada!), seu representante complementava dizendo que deveria haver uma pesquisa de emissões históricas, ideia já apoiada por muitos outros países.

O Brasil, que também foi apoiado por outros países, disse que as regras deveriam ser feitas com todas as partes, e que a base desta segunda parte deveria ser o Protocolo de Kyoto. A Bolívia, concordando com o Brasil, disse que esta pesquisa de emissões históricas deveria ser feita de forma metodológica. Já a Nova Zelândia defendia que as regras fossem as mesmas para todos os países, o que claramente vai de encontro com o pensamento dos países que defendem as regras com base em emissões históricas. O discurso da Índia se diferenciava dos demais, por considerar que as regras não deveriam ser potencializadas, mas sim cumpridas, uma vez que são os países desenvolvidos que lideram as decisões. O pais pediu transparência.

O vice-presidente da COP encerrou a primeira parte desta negociação esperançoso de que as partes se respondessem mais entre si, e não só às questões postas em práticas, disse que o objetivo era este, mas que ainda havia um tempo para que isso acontecesse. Após sua última fala, convidou a todos para almoçar.

Bruna Souza é repórter da Agência Jovem de Notícias, projeto encabeçado pela ONG Viração Educomunicação, que pretende levar propostas da juventude para serem contempladas pelos negociadores brasileiros durante a Conferência das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas (COP19).

** Para acompanhar a cobertura jovem da COP19 acesse também:  www.agenciajovem.org e www.redmasvos.org. Os conteúdos serão produzidos em português, espanhol e italiano.