Negociações climáticas começam em Bonn com boas expectativas

Novas políticas de controle de emissão anunciadas pelos EUA e China e bons dados da União Europeia sobre sua própria meta de redução de gases do efeito estufa trazem mais esperança para o acordo climático internacional

23Ministros de todo o mundo começaram a discutir hoje (4) em Bonn, na Alemanha, o conteúdo do novo acordo climático internacional, que deve substituir o Protocolo de Quioto em 2020. Mas a reunião, que tinha tudo para ser mais um encontro burocrático e de poucos avanços, ganhou um tom muito mais importante e esperançoso depois das recentes notícias vindas das grandes potências mundiais.

Na última semana, os Estados Unidos anunciaram a meta de reduzir as emissões de gases do efeito estufa de suas usinas de energia em 30% até 2030 com relação ao nível de 2005. Já a China afirmou que está estudando um limite absoluto para suas emissões, que entraria em vigor em 2016, e a implementação de um mercado nacional de carbono em 2018. Finalmente, a União Europeia divulgou que está no caminho de cortar mais GEEs do que seu compromisso estabelecido pelo Protocolo de Quioto.

“Estou entusiasmada com o início de Bonn. Temos conseguido muito, porém resta pouco tempo”, afirmou Christiana Figueres, secretária-executiva da Convenção Quadro das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas (UNFCCC), destacando que o novo acordo climático precisa ser finalizado em 2015.

“Os anúncios recentes devem quebrar o impasse climático [nas negociações]. As conversas ganharam uma nova força e uma melhor relação bilateral entre EUA e China é o que precisamos para alcançar um acordo climático”, afirmou Mark Kenber, presidente do The Climate Group, ao portal RTCC.

“Por todo o mundo, muitos países, empresas, cidades, investidores e consumidores estão adotando ações positivas com relação às mudanças climáticas. Os governos devem se esforçar para transformar essas ações em contribuições para o novo acordo”, completou Figueres.

Agenda de Bonn

Os ministros devem discutir os aspectos políticos da Plataforma de Durban, que é a base do novo tratado climático. Entre eles, os compromissos de cada nação e a busca por uma maior ambição para limitar o aquecimento global em 2oC.

Também será debatida a implementação do segundo período de compromissos sob o Protocolo de Quioto, que expirará em 2020.

O mais recente relatório do Painel Intergovernamental de Mudanças Climáticas (IPCC) será detalhado aos ministros, para mostrar por que é necessário agir com velocidade para lidar com os impactos do aquecimento global.

Em paralelo às negociações, acontecerá ainda um fórum sobre cidades e como políticas locais podem garantir uma maior resiliência climática.

“Bonn precisa avançar principalmente sobre a questão das metas pós-2020 que todos os países devem assumir. Esses objetivos devem ser claros para garantir que o novo acordo realmente cumprirá seu papel”, disse Yannis Maniatis, ministro de Meio Ambiente, Energia e Mudanças Climáticas da Grécia, que atualmente preside o Conselho Europeu.

A Aliança dos Pequenos Estados Insulares (AOSIS) também cobrou medidas, alegando que está na hora de compromissos e ações concretas.

“Se os mais ricos não agirem de uma vez, são os pobres que sofrerão. Ações imediatas são essenciais para garantir o futuro das nações insulares”, declarou Marlene Moses, presidente da AOSIS.

A rodada de negociações em Bonn segue até o próximo dia 15.

* Publicado originalmente no site CarbonoBrasil.