Essa ideia descolada pega no Brasil

Tenho comentado aqui sobre o consumo colaborativo, considerado por economistas como uma das mais importantes tendências futuras: em vez de comprar, as pessoas alugam ou trocam coisas. Será que pega no Brasil, onde a desconfiança sobre a honestidade alheia costuma ser alta? É o que vemos com um projeto que acaba de ser lançado no Brasil, batizado de DescolaAí (mais detalhes no www.catracalivre.com.br).

A ideia é simples e só é, de fato, viável, por causa das novas tecnologias de informação. O indivíduo se dispõe a alugar seus objetivos usados, usando sistemas eletrônicos de pagamento. É um ganho para os dois lados. Quem coloca para alugar ganha um dinheiro extra. E quem pega o produto não precisa comprar. Muitos dos objetos que temos –uma furadeira elétrica, por exemplo– são usados poucas vezes ao ano.

Há cidades fazendo esse tipo de negócio com o carro, motivando o empréstimo entre vizinhos. Sai por um valor muito menor do que a corrida de um táxi para alguém. Em São Francisco (Estados Unidos) chegaram até a desenvolver um sistema por celular que substitui a chave.

Tudo isto envolve um mínimo de confiança. Muito mais do que a tecnologia, está aí o desafio do DescolaAí, esse projeto pioneiro de consumo colaborativo.

Se pegar, será um avanço em nossa civilidade. Os indivíduos ganham dinheiro tornando-se microempreendores, além de colaborarem com o ambiente, reduzindo a pressão contra o planeta.

* Gilberto Dimenstein é colunista e membro do Conselho Editorial do jornal Folha de S.Paulo, comentarista da rádio CBN, e fundador da Associação Cidade Escola Aprendiz.

** Publicado originalmente no portal Aprendiz.