maeefilho

 

Por Maria Helena Masquetti – 

Em homenagem ao Dia das Mães a Envolverde republica hoje um artigo especial sobre educação dos filhos. Confira!

Embora um tanto assustadora, a velha crença “praga de mãe pega”, tem uma razão de ser: os pais são a maior e primeira autoridade de nossas vidas. Em sua condição de dependência infantil, a criança não tem como julgar ou imaginar outra realidade que não seja aquela afirmada e apresentada por eles. Assim, muitas das previsões dos pais para as condutas de um filho podem se confirmar, seja pelo desfecho evidente, seja pelo impacto emocional provocado em sua mente, levando-o, por si mesmo, a agir de forma a realizar a sentença proferida.

Sem se dar conta do quanto poderiam fazer melhor, muitos pais ainda acreditam que ameaçar com prognósticos sombrios seja uma forma eficaz de educar. Mas, se a tal da praga pode pegar, por que não se rogar então pragas boas, fortalecendo emocionalmente os filhos ao nomear para eles seus recursos e qualidades? O importante em tudo isso é a compreensão sobre o quanto de poder o lugar da autoridade confere às palavras paternas.

Raramente alguém se revela traumatizado pelas palavras de um vizinho, amigo ou parente não designado para educa-lo, mas sim pelas palavras dos pais ou dos mestres. E isso significa que o modo como elas forem usadas farão toda a diferença. Quem, em qualquer idade, não abre mais os ouvidos a um incentivo do que a uma crítica? É bom lembrar que o marketing não vacila em pesquisar pontos fracos como este, sempre dizendo sim e revestindo suas mensagens comerciais de tons afetuosos para torná-las mais atraentes para as crianças do que os ensinamentos que elas recebem em casa ou na escola.

“Não adianta falar com meu filho, ele retruca demais e se irrita muito com o que falo.” Nada mau uma criança poder se expressar e argumentar sobre seus direitos. No entanto, cabe aos pais não abrir mão de sua autoridade a qual jamais deve ser confundida com autoritarismo. Ao contrário do que se imagina, a rebeldia das crianças e adolescentes encerra um pedido: “Por favor, mostre que você acredita no que me diz!”. E a senha para manter aberta a porta por onde a voz paterna penetra é as palavras serem justas, ternas e construtivas.

Dizer ao filho “Não entendo porque você não quer estudar sendo tão inteligente” tem muito mais chances de surtir efeito do que chamá-lo de preguiçoso, por exemplo. Em contrapartida, afirmar ser ele um gênio quando o caso não for para tanto, pode levá-lo a uma percepção distorcida sobre si mesmo. Equilíbrio e coerência são sempre bons aliados da educação.

O que fundamentalmente importa é os pais saberem que quando suas palavras incomodam, geralmente é por estarem contrariando uma zona de conforto dentro da  criança, produzida pelas muitas influências externas que induzem à formação de maus hábitos. Longe de oprimir, a autoridade paterna confere à criança uma sensação de segurança e pertencimento. E, longe de distanciar os filhos, as orientações amorosas e firmes pegam, não como uma praga, mas como semente de uma vida feliz, menos mágica que a dos comerciais, mas realizável por meio de palavras simples como “Eu te amo” ou “Acredito em você!”.

* Maria Helena Masquetti é graduada em Psicologia e Comunicação Social, possui especialização em Psicoterapia Breve e realiza atendimento clínico em consultório desde 1993. Exerceu a função de redatora publicitária durante 12 anos e hoje é psicóloga do Instituto Alana.