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O Talibã é “tigre ferido” após a morte de Bin Laden

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Civis feridos no atentado são levados para um hospital.
Peshawar, Paquistão, 16/5/2010 – Autoridades da província paquistanesa de Khyber Pakhtunkhwa exigiram que o governo federal enviasse o Exército depois do atentado suicida que matou, no dia 13, 80 recrutas no Forte Shabqadar, na localidade de Charsadda. O ministro de Informação Provincial, Mian Iftikhar Hussain, disse que o governo local cobrava uma operação decisiva contra os responsáveis pelo ataque.

“Estes atos de terrorismo continuarão, tanto no Paquistão quanto no Afeganistão”, disse Hussain à IPS, acrescentando que é tempo de perseguir os combatentes islâmicos que operam nas Áreas Tribais Federalmente Administradas (Fata). Estas estão compostas por sete unidades administrativas localizadas entre Afeganistão e Khyber Pakhtunkhwa. Toda a região é diretamente administrada pelo governo federal.

Cerca de 800 recrutas da Polícia de Fronteira esperavam os ônibus que os levariam para casa após completarem o treinamento quando um atacante suicida se matou dentro de um automóvel bem na entrada de Shabqadar. “Pensava em ir para casa e contar aos meus pais que terminei o treinamento e que agora teria emprego permanente”, disse o jovem Hidaytullah, de 21 anos, um dos feridos. Natural da cidade de Mardan, no Norte, o rapaz contou que estavam esperando os ônibus quando houve a explosão. “Havia sangue e carne humana por todos os lados. Todos estavam aterrorizados”, contou.

O major da reserva Khalid Khan, que participou de operações militares no Waziristão do Sul, uma das unidades das Fata, e que está familiarizado com a maneira de operar do movimento islâmico Talibã, disse que o grupo ficou impactado pela morte de Osama bin Laden e agora usará toda sua força para se vingar. “O Talibã não pode atacar as forças dos Estados Unidos ou seus cidadãos direta ou indiretamente, então ataca os paquistaneses”, disse Khan. De acordo com o major, “os combatentes instalaram centros de treinamento nas Fata e a partir deles realizam a logística para atividades terroristas em qualquer lugar”, disse à IPS.

Por sua vez, Bashir Bilour, líder do Partido Nacional Awami, condenou o Talibã por se vingar contra inocentes em lugar de atacar as forças dos Estados Unidos, que mataram seu líder, Bin Laden. “Não assassinamos Osama. Ele foi assassinado pelos Estados Unidos. Não há razão para se vingarem contra quem não tem ligação com a morte de Osama”, disse Bilour à IPS. A Tehyrik-i-Taliban Pakistan (TTP), aliança de grupos radicais islâmicos paquistaneses, assumiu o atentado em Shabqadar. O TTP já havia atacado civis inocentes e considera Bin Laden seu líder.

Muhammad Omar, estudante da Universidade de Peshawar, disse que o TTP está com um tigre ferido e é mais perigoso depois da morte de Bin Laden. “Devem ser dominados com toda força ou serem iniciadas negociações com eles para conseguir a paz”, afirmou Omar, morador no Waziristão do Norte, região considerada pelos Estados Unidos reduto internacional do terrorismo.

No entanto, Nasser Khan, oficial de polícia em Peshawar, disse estar seguro de que haverá mais ataques e cobrou do governo medidas de segurança urgentes. “Se esses recrutas tivessem sido liberados em grupos de 15, as perdas não seriam tão grandes”, afirmou. “O Exército, a polícia e o público em geral sofrerão mais atentados devastadores, pois o TTP lançará uma onda de ataques desesperados”, afirmou, por sua vez, o psicólogo Anwar Khan.

“Depois do assassinado de Osama, o Talibã tentará por todos os meios mostrar ao mundo que essa morte não o atingiu seriamente. O que o governo deve fazer é fortalecer a segurança nas instalações. Porém, o passo mais significativo é realizar operações militares nas Fata, onde os combatentes cometem atentados terroristas”, ressaltou. Envolverde/IPS