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Milhões de mulheres a menos que homens acessam a internet

A atriz britânica e embaixadora da boa vontade da ONU Mulheres, Emma Watson, fala na Organização das Nações Unidas (ONU), em setembro de 2104. Foto: Mark Garten/ONU
A atriz britânica e embaixadora da boa vontade da ONU Mulheres, Emma Watson, fala na Organização das Nações Unidas (ONU), em setembro de 2104. Foto: Mark Garten/ONU

 

Nações Unidas, 12/3/2015 – Um novo informe revela que 200 milhões de mulheres a menos do que homens acessam a internet. Ao mesmo tempo, o secretário-geral da Organização das Nações Unidas (ONU), Ban Ki-moon, afirmou, no dia 9, na abertura do 59º período de sessões da Comissão da Condição Jurídica e Social da Mulher, que 2015 é um ano vital para avançar em matéria de igualdade de gênero.

O informe publicado pela organização Sem Tetos também revela que cerca de 300 milhões a menos de mulheres do que homens, têm telefone celular e que a diferença se concentra principalmente no Sul em desenvolvimento. A Sem Tetos é uma iniciativa que, com apoio da Fundação Clinton, recopilou numerosa informação sobre a igualdade de gênero em diferentes áreas, incluído o acesso às tecnologias da informação e comunicação.

A participação das mulheres e sua segurança na internet foi um tema destacado na abertura da Comissão, também conhecida como CSW, e que é o principal fórum intergovernamental dedicado à promoção da igualdade de gênero e ao empoderamento da mulher. As deliberações da CSW se prolongarão até o dia 20 na sede da ONU, em Nova York, e contará com 200 atividades paralelas, promovidas pelos governos e pelas agências das Nações Unidas, que acompanharão as reuniões oficiais. Além disso, haverá 450 eventos das organizações da sociedade civil.

A CSW 2015 também coincide com o 20º aniversario da Declaração e Plataforma de Ação, aprovada em setembro de 1995 na histórica Quarta Conferência Mundial sobre a mulher, realizada em Pequim. A participação das mulheres nos meios de comunicação e as novas tecnologias da comunicação estão incluídas no capítulo J da Plataforma. Os debates na CSW incluirão tanto os efeitos positivos como os negativos da tecnologia da informação e comunicação sobre o progresso da igualdade de gênero.

Jan Moolman, coordenadora da Associação para o Progresso das Comunicações, falou sobre como as mulheres conseguiram o empoderamento por meio da internet. Ela apontou que os novos meios de comunicação ajudam as pessoas a construírem e apresentarem a si mesmas na rede mundial. E oferecem às mulheres “oportunidades para a construção de movimentos e para superar muitos tipos de barreiras”, acrescentou.

Segundo Moolman, é preciso tratar as ameaças contra as mulheres na internet como uma questão de liberdade de informação, já que são utilizadas para silenciá-las quando falam sobre a igualdade de gênero. “Se temos 52% da população que não pode se expressar livremente, esse é um assunto de liberdade de expressão”, ressaltou.

A ONU Mulheres, a entidade da ONU para a Igualdade de Gênero e o Empoderamento da Mulher, utiliza cada vez mais os novos meios de comunicação em suas campanhas. Por exemplo, mediante campanhas nas redes sociais do tipo HeForShe, infografias e uma nova classificação de países que se comprometeram a “dar o passo” pela igualdade de gênero.

Falando da campanha HeForShe, na sede da empresa Facebook em Londres, a atriz britânica e embaixadora de boa vontade da ONU Mulheres, Emma Watson, contou sobre como ela mesma recebeu ameaças depois de falar a respeito de igualdade de gênero.

“No momento em que me levantei e falei sobre os direitos das mulheres, fui imediatamente ameaçada, isto é, em menos de 12 horas estava recebendo ameaças”, pontuou a atriz. Watson contou que alguém criou uma página na internet que ameaçava publicar fotos dela nua. A atriz explicou que sabia que o site era um engano, mas que a experiência ajudou seus amigos e seus familiares a verem a necessidade de se avançar na igualdade de gênero.

“Acredito que serviu para chamar a atenção de que isso é uma coisa real que está acontecendo de maneira séria agora. As mulheres recebem ameaças de todo tipo e de maneiras distintas”, acrescentou Watson, ressaltando que a ameaça ajudou a convencê-la da importância de realizar a campanha pela igualdade de gênero. “Em todo caso, se estavam tentando me desanimar, teve o efeito contrário”, ressaltou. Envolverde/IPS