As mulheres e o controle do dinheiro

De donas de casa a administradoras dos negócios.

Embora as condições de vida na Roma antiga fossem bastante machistas, duzentos anos antes de Cristo, Catão reclamava: “em qualquer lugar os homens governam as mulheres. E nós, que governamos os homens, em casa somos governados pelas mulheres”. O motivo da reclamação do importante político era o fato de que as leis romanas permitiam à mulher administrar as finanças domésticas sem dar satisfações aos maridos.

Pelo tom irritado, dá para imaginar que talvez a esposa de Catão andasse exagerando na dose. Mas o fato é que, desde aquela época, imaginar maneiras de enxugar os gastos, evitar desperdícios, fugir das dívidas e ao mesmo tempo poupar para o futuro faz parte do dia a dia da maior parte das mulheres.

Todo mundo sabe que gerenciar a economia de uma casa pode ser comparado a administrar um negócio. Nos períodos difíceis é preciso aguçar o controle da situação. Anotar detalhadamente todos os gastos e zelar por manter os limites do orçamento ajudam a identificar o que pode estar levando aquela “empresa” a fechar o mês no vermelho. Nestas fases, a preocupação em diminuir os desperdícios e evitar assumir novas dívidas é a ordem do dia para milhões de donas de casa.

De outro lado, durante as temporadas favoráveis às finanças, é chegada a hora de gestar o futuro de quem querem tão bem. Cuidando de priorizar os planos e definindo as escolhas, as mulheres envolvem a família num planejamento saudável e prazeroso. Ensinam, assim, o prazer de esperar para conseguir o que se quer.

A destreza feminina no controle do orçamento familiar tem permitido às mulheres voos cada vez mais altos. Além disso, nas novas gerações, os homens têm assumido maior interesse por participar das decisões domésticas. Esta novidade ajudou a liberar as mulheres para se ocuparem de decisões financeiras além dos limites do lar.

Nos últimos anos, planejar seguros, discutir aplicações e definir investimentos tornaram-se terreno fértil para as decisões femininas. Nada mal, convenhamos, para quem, no Brasil, há pouco mais de 70 anos, mal podia ter conta em banco sem a permissão, por escrito, do marido.

* Cássia D’Aquino é especialista em Educação Financeira.

** Publicado originalmente no site Mulheres em Ação da BM&F Bovespa.