O Instituto Alpha Lumen, de São José dos Campos, abriga uma escola única. A manutenção do espaço é feita em sistema de fundo comum e os alunos se ajudam num sistema de aprendizagem colaborativa. Enfim, como a criadora da entidade, Nuricel Aguilera, define: “ A intenção é gerar transformadores sociais”.
O instituto foi criado em 2013, oriundo da experiência da ONG Escola Aberta, surgida em meados dos anos 90 para alavancar o nível do ensino na periferia de São Paulo. Seu ponto de partida é promover uma revolução educativa. O foco tanto da escola como da entidade é bem definido, jovens com altas habilidades. Independente das grandes áreas do conhecimento, seja exatas, humanas ou biológicas.
Sua criadora é a física e astrônoma formada pela Universidade de São Paulo (USP), Nuricel Aguilera. A escola, há 8 anos em funcionamento na cidade, tem uma metodologia própria, construída ao longo de 40 anos de atividade no segmento da educação pela presidente do instituto.
“Se houver um jovem virtuoso em algum lugar eu vou buscar “, confessa sua determinação a ex-professora de cursinho pré-vestibular que se apaixonou pelo ensino e viu nisto a realização de seu projeto de vida.
O instituto mantém um centro de pesquisas educacionais, que servem para aprimorar e criar novas dinâmicas e práticas que envolvam tecnologias. Nuricel tem sempre como objetivo não perder as habilidades dos alunos e criar espaço para as diversidades de áreas nas quais surjam os potenciais.
“Trabalhamos muito a multidisciplinaridade neles, toda dinâmica pedagógica é permeada pela competência emocional, na liderança de equipe e no prazer de aprender tendo a tecnologia com uma ferramenta. Temos uma olhar social, as famílias interagem muito, isso cria uma harmonia com o entorno e evita o isolamento dos jovens de altas habilidades”, explica a diretora da escola e do instituto.
Tem algo considerado fundamental neste processo de construção de uma nova mentalidade junto ao estudante. O Alpha Lumen faz com que o jovem entenda que seu potencial é para colaborar com o mundo e agir como um divulgador do conhecimento.
O conceito também é inovador quando sua manutenção. A linha pedagógica baseada na Teoria do Conhecimento, do francês Edgar Morin, promove uma visão socializadora e partilha tanto da informação como do financiamento dela. A estrutura é mantida por uma entidade patrocinadora, o Clube do Sonho, que reúne doadores entre empresários, simpatizantes da obra e até mesmo ex-alunos.
Nuricel explica que o estudante melhores condições econômicas colabora com um valor maior na mensalidade e assim ajuda a manter outro colega que tenha dificuldades. A maioria vem de escola pública e sem condições socioeconômicas para se manter num instituição deste porte. Então as contribuições e a criação de cursos e projetos específicos são fundamentais na constituição de um fundo comum para manter o estabelecimento de ensino.
“O que nós fazemos aqui é delinear um projeto de vida, a escola está em constante desenvolvimento e o clima de sinergia é permanente, tudo é muito colaborativo. A intenção é que sejam transformadores sociais e formados com essa nova lógica. Eles saem daqui aptos a qualquer universidade do mundo”, explica a educadora.
Além de diferenciada em seu método de ensino e aprendizagem, a Alpha Lumen tem médias impressionantes. São de 4 a 5 alunos por professor, atendendo estudantes na faixa dos 9 até os 17 anos, com 45 aulas semanais e outras optativas. São cerca de 100 alunos nas turmas de 5º,6º e 7º anos e outra que reúne os jovens de 7º,8º e 9º anos. As aulas acontecem das 8 até as 17h30. Os professores são selecionados pessoalmente por Nuricel, todos com mestrado e doutorado, além de uma equipe de mentores, formada por ex-alunos.
São José dos Campos foi escolhida para abrigar a escola e o instituto por tem um alto padrão cultural, diversas universidades e a valorização do conhecimento junto as famílias. Os casos de sucesso já colhidos pela entidade também impressionam. É o caso do garoto Henrique Dubugras, ex-aluno e mentor, que fundou diversas startups de educação e o Pagar.me, uma empresa de pagamentos online vencedora do mais importante prêmio internacional PYMNTS de inovação desse mercado. Ele foi aprovado em Stanford.
Outro de destaque, entre mais de uma dezena de casos, é o estudante Gustavo Haddad Braga. Ele foi o primeiro medalhista de Ouro do Brasil na Olimpíada Internacional de Física. Aprovado em Harvard, Stanford, Yale, Princeton e no MIT, onde concluiu o curso de Engenharia Elétrica e Ciência da Computação em apenas dois anos.
* Júlio Ottoboni é jornalista diplomado, pós graduado em jornalismo científico. tem 30 anos de profissão, atuou na AE, Estadão, GZM, JB entre outros veiculos. Tem diversos cursos na área de meio ambiente, tema ao qual de dedica.