Por Conexion COP*
O caminho para a COP 21 está se encurtando. Restam apenas sete meses para que os 195 países que integram a Convenção Marco das Nações Unidas sobre a Mudança Climática (CMNUMC) consigam assinar um acordo global para reduzir os gases de efeito estufa (GEE) e assim enfrentar os efeitos da mudança climática.
Para continuar com o calendário prévio a Paris e com as negociações, os representantes das nações se reunirão entre 1º e 11 de junho em Bonn, na Alemanha, na nona parte da segunda sessão do Grupo de Trabalho Especial sobre a Plataforma de Durban para uma Ação Reforçada (ADP 2.8).
Em Bonn espera-se que tenha início o processo de “streamlining”, ou simplificação do rascunho de negociações, agora chamado “Texto de Genebra”, que conta atualmente com 90 páginas. O desafio que as partes têm é sintetizar a informação para que em Paris se possa negociar sobre um documento muito mais claro e preciso.
Os copresidentes do grupo de trabalho ADP, Ahmed Djoghlaf (Argélia) e Daniel Reifsnyder (Estados Unidos), afirmaram em uma nota verbal que o notável progresso na sessão ADP em Genebra foi testemunho da firme vontade de todas as partes para assegurar a implantação exitosa do mandato ADP e seu compromisso para um acordo universal que será adotado durante a COP 21 em Paris.
Durante as negociações em Bonn serão eliminados do documento os pontos que não alcançarem um consenso entre as partes, e também se dará início à discussão sobre o caráter legal do novo acordo climático que se espera seja assinado em Paris.
Eduardo Durand, diretor de Mudança Climática do Ministério do Ambiente do Peru, afirmou que seu país, como atual presidente da COP 21, trabalha junto com a França para impulsionar os esforços necessários para a implantação de um acordo mundial na COP 21 que permita enfrentar o aquecimento global.
“Nas reuniões de Bonn será melhorado o rascunho do acordo que já está aprovado. Vamos eliminar as diferenças para podermos definir algumas coisas, como o método de revisão das contribuições nacionais. Também se começará a negociar o tema da legalidade do acordo mundial. É preciso considerar que não se deve esperar um pré-acordo, e Bonn nos dará maior clareza sobre as negociações”, opinou Durand.
Por sua vez, Tania Guillén, do Centro Humboldt e da rede Climate Action Network Latino-Americana (CAN-LA), disse que em Bonn é fundamental acontecer o debate sobre o financiamento climático pré-2020 e pós-2020, dois temas importantes para a região. “Um tema controverso mas que também deve ser revisado em Bonn é o de perdas e danos, que é de vital importância para muitos países da região, principalmente da América Central, cujos países estão mais expostos às consequências do aquecimento global”, acrescentou.
“Por exemplo, Guatemala, Honduras, El Salvador e Nicarágua estão entre os primeiros 15 lugares do índice de risco climático do GermanWatch, e, segundo dados da Cepal (Comissão Econômica para a América Latina e o Caribe), estes países gastaram até 10% de seu PIB para se recuperarem dos desastres da última década”, explicou Guillén.
As reuniões em Bonn também permitirão que a América Latina continue negociando o tema de financiamento em adaptação e o apoio para a transferência de tecnologia para um desenvolvimento baixo em carbono. “Deve ser uma posição da região que o novo acordo climático tenha que se basear na ciência, que o aumento da temperatura global seja inferior a 1,5 grau centígrado, considerando que nas últimas publicações já se disse que as projeções para os dois graus são muito incertas”, destacou Guillén.
Mitigação continua sendo um tema importante nas negociações, por isso é muito importante que os países possam conservar todos os elementos que aumentem a ambição climática e que prevejam a eliminação dos que já estão incluídos.
Enrique Maurtua Konstantinidis, coordenador do Projeto Agendas Nacionais FARN, indicou que esse tema é fundamental para Paris 2015 e acrescentou que a América Latina, da mesma forma que o restante dos países, deve procurar dirigir as negociações para um resultado ambicioso.
“É muito importante que os países velem pela integridade do texto, assegurando que todos aqueles parágrafos que apontam para a redução de emissões, o apoio aos países mais necessitados e a adaptação dos países em vias de desenvolvimento permaneçam, enquanto se evite agregar parágrafos que promovam falsas soluções ou reduzam o nível de ambição”, afirmou Konstantinidis.
Simultaneamente às negociações ou aos eventos oficiais, acontecerão os side events e exibições. Para saber as datas e horários pode-se entrar aqui. Além disso, para seguir algumas negociações ao vivo pode-se entrar neste link, e para os que querem saber todos os detalhes podem baixar este APP de uso exclusivo para iPhone ou iPod. No Twitter oficial do grupo ADP é possível encontrar todos os documentos oficiais das negociações. #Envolverde/Conexion COP
* Tradução e edição: Envolverde.
** Publicado originalmente no site Conexion COP.