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Civis mortos em ofensivas contra Misurata

Doha, Catar, 7/7/2011 – Pelo menos 11 pessoas morreram e dezenas ficaram feridas na Líbia pelos ataques das forças leais a Muammar Gadafi contra o enclave rebelde de Misurata, segundo informaram os insurgentes. “Onze pessoas morreram e 57 foram feridas, quase todas civis”, disse uma fonte rebelde à agência de notícias AFP por telefone, de Misurata, 200 quilômetros a leste de Trípoli. Os ataques marcaram outra etapa sangrenta para uma cidade que é bombardeada quase continuamente desde março. Fontes disseram, um dia antes, que cinco rebeldes morreram combatendo na entrada ocidental da cidade.

O ministro da Defesa da França, Gerard Longuet, pôs em dúvida as possibilidades de os rebeldes derrotarem as forças de Gadafi e avançar sobre a capital. Longuet expressou suas dúvidas quando circulam informes de que os rebeldes teriam lançado um forte ataque contra Trípoli, que não puderam ser confirmados de forma independente.

Os insurgentes têm uma “crescente capacidade de se organizar política e militarmente”, mas neste momento “não contam com um sistema centralizado”, disse Longuet. Também afirmou que já não são necessários polêmicos lançamentos de armas francesas por paraquedas. No Golfo de Sirte, na frente oriental, um representante rebelde disse que nove soldados de Gadafi foram capturados entre Ajdabiya e Brega.

Em meio ao conflito, continuam as conversações diplomáticas sobre uma possível solução negociada para a crise, embora as propostas não ganhem impulso suficiente, ainda. Um funcionário russo foi citado, no dia 5, dizendo que Gadafi estuda renunciar, algo que, se ocorrer, atenderia a exigência central dos rebeldes. “O coronel está enviando sinais de estar disposto a ceder o poder em troca de garantias de segurança”, disse um funcionário ao jornal Kommersant.

A fonte russa acrescentou que a França parecia estar disposta a ter um importante papel nesse acordo, descongelando as contas da família de Gadafi e prometendo imunidade perante o Tribunal Penal Internacional, com sede em Haia. Os rebeldes até agora rejeitam qualquer acordo com o líder líbio. “Não há cláusula de fuga para Gadafi. Ele deve deixar o poder e enfrentar a justiça’, afirmou o chefe do rebelde Conselho Nacional de Transição, Mustafra Mohammed Abdel Khalil.

Enquanto isso, seguem os preparativos para uma reunião internacional sobre a Líbia em Istambul, entre 15 e 16 deste mês. o encarregado de relações exteriores do Conselho, Mahmud Jibril, reuniu-se com os chanceleres da Turquia e dos Emirados Árabes Unidos no dia 5.

O primeiro-ministro turco, Recep Tayyip Erdogan, cujo país é o único membro da Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan) de maioria muçulmana e com grande influência regional, exortou Gadafi a deixar a Presidência e abandonar a Líbia.

O encontro em Istambul é organizado quando diplomatas refletem sobre o que acontecerá com a Líbia após uma eventual saída de Gadafi, e temem um cenário semelhante ao de Afeganistão e Irã. O secretário-geral da Otan, Anders Fogh Rasmussen, disse esta semana que a aliança desejaria ver a Organização das Nações Unidas (ONU) assumindo um papel de liderança na transição da Líbia para a democracia.

“Para atender as aspirações legítimas do povo líbio, é preciso que Gadafi abandone o poder”, afirmou Rasmussen na cidade russa de São Petesburgo. “Depois disso, é preciso garantir uma transição para a democracia. Queremos que a ONU assuma a liderança nesse esforço”, acrescentou Envolverde/IPS

* Publicado sob acordo com a Al Jazeera.