Ambiente

Porto Alegre aprova lei que proíbe uso de animais em testes de cosméticos

Defensores dos direitos dos animais compareceram ao plenário. Foto: Guilherme Almeida / Câmara de Vereadores
Defensores dos direitos dos animais compareceram ao plenário. Foto: Guilherme Almeida / Câmara de Vereadores

Um projeto de lei que proíbe a utilização de animais para desenvolver ou testar produtos cosméticos, de higiene pessoal e perfumes foi aprovada na quarta-feira, 16 de setembro, na Câmara de Vereadores de Porto Alegre.

A legislação da capital gaúcha segue o exemplo de uma medida semelhante implantada no ano passado em São Paulo, mas deverá ter pouco impacto prático na indústria local. Outros países, como na Europa, por exemplo, também já seguem essa tendência.

O projeto apresentado pelo vereador Marcelo Sgarbossa (PT) foi aprovado por 25 votos a favor e dois contrários e segue agora para sanção do prefeito José Fortunati. Representantes do movimento de defesa dos direitos dos animais ocuparam o auditório da Câmara para pedir a implantação da lei e acompanhar a sessão de votação.

“A aprovação da lei tem um efeito simbólico importante, que é demonstrar a preocupação com os direitos dos animais na cidade”, destacou Sgarbossa ao site do jornal Zero Hora.

A lei impede que os bichos sejam utilizados para testar produtos como maquiagem, perfumes, óleos de banho, desodorantes, tintas para cabelo, xampus e outros artigos de beleza. O descumprimento da norma sujeita o infrator a multa, suspensão temporária ou definitiva de alvará de funcionamento em caso de reincidência.

Apenas cosméticos

A lei não impede o uso de cobaias para testes envolvendo medicamentos, apenas produtos de uso cosmético. A professora da pós-graduação em Ciências Farmacêuticas da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS) Silvia Guterres afirma que a medida deve ter pouco impacto prático na indústria da Capital.

“Não temos aqui as empresas que geralmente fazem esses tipos de teste. Na verdade, esse tipo de proibição é uma tendência mundial, e as empresas de cosméticos já vêm se adaptando”, sustentou Silvia.

Impacto “moderado”

A professora da UFRGS acredita que poderá haver um impacto “moderado” na área acadêmica, onde por vezes são utilizadas peles de animais para testar determinados produtos, por exemplo. Mesmo assim, ela acredita que o projeto é positivo pelo fato de envolver apenas cosméticos, e não medicamentos.

“A área cosmética trabalha com produtos eletivos, sem efeito farmacológico, usados apenas por quem deseja. Em medicamentos, é impossível ainda dispensar o uso de animais”, observou a especialista.

Coibir a prática

Sócia de um laboratório de produtos cosméticos localizado em Porto Alegre, Rafaela Fehse confirmou que não é comum o uso de seres vivos para testar artigos de beleza no Estado. “Não costumamos usar animais no desenvolvimento de produtos”, afirmou Rafaela.

Segundo Sgarbossa, a lei também tem o propósito de impedir que empresas que venham se instalar em Porto Alegre estabeleçam a prática de testar esses produtos nos animais. (EcoD/ #Envolverde)

* Publicado originalmente no site EcoD.