O relatório do projeto PEW Internet and American Life, de junho, é rico em dados sobre o comportamento americano em rede social, coisa que no Brasil, por falta de pesquisas e dados, só podemos imaginar.

O texto nem é tão longo (85 páginas), vale a pena ler de cabo a rabo. E pensar no que seriam as respostas para o Brasil, pois os dados têm impacto em todos os setores, das relações sociais aos negócios, passando por educação e cultura.

Quer ver uma coisa muito interessante? Olhe o histograma abaixo:

No espaço de dois anos, a participação de pessoas entre 50 e 65 anos de idade nas redes sociais subiu de 9% para 20% do total, e a presença dos maiores de 65 anos foi multiplicada por três. Claramente, as redes sociais de todos os tipos deixaram de ser um fenômeno jovem para ser uma articulação realmente social. Como 13% dos americanos têm 65 anos ou mais… Se todo mundo, lá, estivesse em alguma rede social, quase a metade dos mais idosos estariam conectados em rede.

Veja este outro histograma:

As mulheres ganham dos homens, na presença em quase todas as redes sociais, disparado. Mas isto muda no LinkedIn, onde o assunto é carreira e negócios. Talvez as coisas tenham mudado mesmo, na sociedade como um todo, quando tivermos uma presença feminina bem maior em redes como a LinkedIn.

Agora olhe o histograma abaixo, levando em conta que ano que vem há eleições presidenciais nos Estados Unidos…

Note que a rede social mais influente (em termos proporcionais, dentro da própria) é o LinkedIn, com quase 80% dos participantes tendo ido a alguma reunião ou comício político e com 36% tendo passado pela experiência de tentar influenciar os votos de terceiros.

Cada vez mais, a política vai ser feita em rede social. Se este foi o caso na última eleição norte-americana, na próxima as redes poderão definir muito mais da campanha do que fizeram até agora. Ainda mais quando gente de todas as faixas de idade e renda começa a ter, nas redes, representação proporcional à demografia do mundo real.

No Brasil e no mundo, a médio prazo, o efeito vai ser o mesmo, com pequenas variações aqui e ali, pelo menos nos países democráticos.

Falando em Brasil, tá mais do que na hora de termos estudos como o da PEW referido aqui, realizados frequentemente e publicados quase ao tempo em que o estudo é feito. Não é que não se faça estudos parecidos no Brasil, mas, quase sempre, quando são publicados, já fazem parte da história: nos ajudam a saber o que aconteceu, mas raramente servem de termômetro para o que está acontecendo e está para acontecer.

* Silvio Meira, fundador do www.portodigital.org e cientista-chefe do www.cesar.org.br, escreve mensalmente para a Folha de S.Paulo.

** Publicado originalmente no site EcoD.