Separar o crescimento econômico do progressivo uso de recursos deveria ser parte integral da política climática, de acordo com um grupo dos mais renomados cientistas de recursos naturais do mundo.
Enquanto os países se reuniam na COP 21, em Paris, para o primeiro dia de deliberações a fim de determinar um novo regime climático global, o Painel Internacional de Recursos (IRP, na sigla em inglês) apontou que uma “perspectiva de todo o sistema” é fundamental quando se considera a política climática.
O IRP divulgou hoje as Dez Mensagens sobre Mudança do Clima e disse que o gerenciamento dos recursos naturais e a mudança climática estão intrinsecamente conectados, com uma grande parte do consumo de energia global, e portanto, as emissões de gases de efeito estufa (GEE), ligados diretamente à aquisição, processamento, transporte, transformação, utilização e eliminação dos recursos.
Aumentar a produtividade através de uma melhor eficiência e reduzir o desperdício poderia diminuir o consumo dos recursos e as emissões de GEE, trazendo ganhos econômicos e promovendo um acesso mais equitativo, disse o IRP. Além disso, através da dissociação, os países em desenvolvimento poderiam cortar o aumento da demanda anual de energia em mais da metade nos próximos 12 anos, enquanto alcançam seus objetivos de desenvolvimento.
“As mudanças políticas na mitigação das emissões de GEE afetam não só a estabilidade do clima, mas também outros aspectos ambientais e a utilização dos recursos, positiva ou negativamente”, disse o vice-presidente do IRP, Janez Potoènik: “Uma abordagem de todo o sistema que conecta a produção, o consumo e os seus impactos sobre o meio ambiente e os recursos ajuda a evitar as adversas consequências involuntárias provenientes dessa mitigação.”
Este argumento é também apoiado pelo novo relatório do IRP “Opções de energia Verde: os benefícios, riscos e compensações de tecnologias de baixo carbono para produção de eletricidade”, também lançado hoje. O relatório avalia nove tecnologias energéticas de baixo carbono, que serão essenciais para atender a objetiva e crescente demanda de energia de 2ºC.
Pela primeira vez, os países que tomam decisão sobre qual tecnologia de energia renovável usar possuem informações claras e cientificamente comparadas, não apenas sobre o os benefícios da redução dos gases de efeito estufa, mas também sobre outros impactos positivos e negativos no meio ambiente, na saúde humana e no uso de recursos naturais.
O Diretor Executivo do Pnuma, Achim Steiner, disse: “Tecnologias de energia limpa como a fotovoltaica e eólica têm benefícios claros no combate à mudança do clima e à poluição do ar, e fornecem acesso à energia limpa e acessível.”
“Essas tecnologias serão cruciais para mantermos o aquecimento global abaixo dos 2ºC, mas precisamos estar conscientes dos efeitos que isso pode trazer para o meio ambiente, como por exemplo, o maior uso de metais como aço e cobre na sua fabricação. Como os países tentam satisfazer as suas necessidades energéticas e combater a mudança do clima ao mesmo tempo, este relatório pode ajudar a identificar a combinação mais sustentável de tecnologias de energia para atingir esse objetivo.”
A demanda global por energia deverá exigir um investimento estimado de US$ 2,5 trilhões por ano nos próximos 20 anos em novas instalações de energia e iniciativas de conservação. Este relatório apresenta uma oportunidade única para os países selecionarem cuidadosamente as tecnologias de produção de eletricidade em que forem investir.
Acesse aqui as Dez Mensagens do Painel de Recursos Internacional sobre Mudanças Climáticas, e o relatório “Opções de energia Verde: os benefícios, riscos e compensações de tecnologias de baixo carbono para produção de eletricidade.” (#Envolverde)
* Com informações do Pnuma.