Clima

Capitão Planeta se junta à juventude brasileira na Conferência do Clima em Paris

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Ação “Don’t step on us” (“Não pise em nós”) faz referência à tentativa de negociadores tirarem do texto as ameaças que as mudanças climáticas representam aos direitos humanos. Quem salva a cena é o Capitão Planeta.

Por  Ana Carolina Amaral, especial de Paris para a Envolverde – 

A criatividade da juventude brasileira conseguiu ir além do pacote básico de cartazes e declamações apresentados pelos ativistas até então na Conferência da ONU sobre o Clima. Na última semana de negociação, os jovens da ONG Engajamundo e do movimento Clímax Brasil têm marcado presença representando os personagens do desenho animado “Capitão Planeta e os Planeteers”. Na tarde desta sexta-feira, fizeram uma coletiva de imprensa pressionando os líderes a chegar a um acordo que responda às mudanças climáticas. “As empresas e os governos são feitos de pessoas como nós, nossos irmãos. O poder é nosso”, afirmou uma das jovens, da Nova Zelândia, representando o personagem Fogo do desenho. Os jovens que falavam em nome dos outros elementos são indianos, canadenses e brasileiros.

O Brasil, aliás, trouxe pela primeira vez a maior delegação de jovens em uma conferência do clima. São 40 ativistas, o dobro da americana, que costumava ser a maior delegação, com 20 jovens. Pela quantidade e também pela criatividades, os brasileiros têm protagonizado as ações no Le Bourget,  onde acontecem as negociações, chamando a atenção da mídia e pressionando os negociadores. Na última quarta-feira eles fizeram uma encenação em que personagens representando empresas e negociadores pisavam nas pessoas deitadas no chão do Le Bourget. A ação “Don’t step on us” (“Não pise em nós”) faz referência à tentativa de negociadores tirarem do texto as ameaças que as mudanças climáticas representam aos direitos humanos. Quem salva a cena é o Capitão Planeta. Veja no vídeo.

Embora o texto do acordo reconheça a relação entre mudanças climáticas e direitos humanos, dado que a intensificação dos eventos climáticos extremos deixa vulnerável as populações mais pobres, ainda não há consenso sobre a manutenção dessa linguagem no acordo e poucos sinais de compromissos efetivos para proteger essas populações.

No clímax de Paris

Não está fácil para a sociedade civil dar seu recado aos negociadores do acordo climático em Paris. Em decorrência do estado de emergência decretado após os ataques terroristas de novembro, foi imposta pelo governo francês uma série de proibições, como formar aglomerados de pessoas nas ruas, e de restrições às manifestações em eventos de alto nível de segurança, como é o caso da Conferência da ONU sobre Mudanças Climáticas.

Para conseguir atuar com o personagem completamente vestido de Capitão Planeta – com máscara e, portanto, contra as regras para eventos de alto nível de segurança – os jovens precisaram ficar na sala de segurança até o momento da apresentação. E também foram escoltados até o local da cena.

A criadora do desenho animado Capitão Planeta, a diretora de cinema e ativista ambiental Barbara Pyle, acompanha o grupo no Le Bourget e ajudou a dirigir a cena. Na coletiva de imprensa desta sexta, ela contou que os personagens do desenho animado são inspirados em histórias reais, de documentários que ela havia gravado sobre biografias inspiradoras. “Por sorte e bom carma eu tive a ideia de escrever o Capitão Planeta para inspirar os jovens. Essa juventude em ação aqui é meu sonho se tornando realidade”, declarou.

Quem se vestiu de Capitão Planeta é Luciano Frontelle, o mesmo ativista que faz o personagem Luc Limátix e traz diariamente aos jovens do Facebook um vídeo divertido e sexy sobre o que está acontecendo nas negociações do clima.

VÍDEO – Resumo da primeira semana da COP pelo Clímax Brasil: Vídeo: 

“A ideia não é só fazer graça, mas usar a linguagem à qual os jovens já estão acostumados no ambiente da internet”, explica Cristian Faria, jornalista e produtor dos vídeos.