Por Leno F. Silva*
Ao atravessar a Consolação na esquina com a Paulista, passei ao lado de uma mini-orquestra de percussão tocada por um homem só, sentado na calçada com as costas apoiadas em um poste.
O rapaz manejava com habilidade as baquetas e tirava sons harmônicos de pinico, panelas diversas e de uma tampa de alumínio. Concentrado na sua música ele não se deixava influenciar pelos ruídos presentes naquele que é um dos pontos mais barulhentos da cidade.
Embora eu não tenha parado para ouvi-lo, admirei a disposição do artista e quase o fotografei em seu exercício. Ao retornar, quase noite, não o vi no “palco”, mas os instrumentos estavam lá, talvez à espera da próxima apresentação.
Além do conjunto sonoro, notei que uma panela servia de cofre para que os ouvintes depositassem contribuições voluntárias. À primeira vista, a quantidade de moedas, muitas de R$ 1,00, devem ter garantido o jantar ou o acesso a qualquer outra coisa que o “performer” tenha decidido adquirir.
Cada vez é mais comum a ocupação dos espaços públicos por artistas de distintas categorias, notadamente na região da Paulista. Além dos já conhecidos “covers” é possível encontrar talentos criativos, os quais com coragem e de peito aberto, se expõem ao crivo do público que transita no corre-corre desta metrópole pulsante e de tantos ritmos. Por aqui, fico. Até a próxima. (#Envolverde)
* Leno F. Silva escreve semanalmente para Envolverde. É sócio-diretor da LENOorb – Negócios para um mundo em transformação e conselheiro do Museu Afro Brasil. É diretor do IBD – Instituto Brasileiro da Diversidade, membro-fundador da Abraps – Associação Brasileira dos Profissionais de Sustentabilidade, e da Kultafro – rede de empreendedores, artistas e produtores de cultura negra. Foi diretor executivo de sustentabilidade da ANEFAC – Associação Nacional dos Executivos de Finanças, Administração e Contabilidade. Editou 60 Impressões da Terça, 2003, Editora Porto Calendário e 93 Impressões da Terça, 2005, Editora Peirópolis, livros de crônicas.