A zona costeira de São Paulo ganhou um reforço considerável para ampliar as pesquisas científicas e ambientais na região.
Por Júlio Ottoboni*
A Universidade Estadual Paulista (Unesp) criou o Instituto de Estudos Avançados do Mar (IEAMar), que contará com três unidades, sendo uma em São José dos Campos e outras duas em São Vicente. A iniciativa reúne 117 pesquisadores de diversas unidades da entidade de ensino, além de profissionais de outras instituições e empresas com atuação em áreas relacionadas a atividades e recursos ligados ao mar e a zonas litorâneas do Brasil e de outros países.
O litoral do Estado de São Paulo é o quinto maior do país, com 622 quilômetros e ocupado por mais de 2 milhões de habitantes, com grandes cidades como Santos, São Vicente e Caraguatatuba. A nova instituição tem como objetivo explorar os potenciais científicos da região para o uso sustentável dos seus recursos naturais e os transformando em benefício para a população.
O IEAMar conta com recursos do Ministério da Ciência, Tecnologia, Inovações e Comunicações (MCTIC), na ordem de R$ 25 milhões, e outros R$ 10 milhões da própria Unesp. Estima-se que todos os laboratórios estejam funcionando nos próximos dois anos.
As atividades de pesquisa e tecnológicas que serão desenvolvidas no IEAMar serão divididas em cinco grandes áreas. Elas vão desde a Geologia Marinha, abrangendo tecnologias sobre hidrocarbonetos em áreas de pré-sal e exploração de energia e minerais; Oceanografia, com foco nos movimentos da água, do mar e da chuva e a Gestão de Recursos Naturais, contemplando a compreensão da biodiversidade local, a preservação dos ecossistemas e a identificação de matrizes para produtos farmacêuticos.
Ainda serão contemplados dentro das pesquisas a área de Meio Ambiente, em especial as mudanças climáticas e assuntos relacionados a água potável, a ambientes poluídos e ecotoxicidade, além dos Recursos Pesqueiros, que abordará a produção de alimentos e o levantamento da fauna marinha.
“A Unesp pretende que o IEAMar se consolide como um centro de excelência voltado aos três pilares da universidade: ensino, pesquisa e extensão, trabalhando na fronteira do conhecimento desde a pesquisa básica até o desenvolvimento de novos produtos, processos e serviços, fazendo transferência de tecnologia para a indústria e para a sociedade . Especialmente a população do litoral paulista, que precisa se beneficiar do avanço da ciência e da inovação voltado à exploração sustentável dos recursos marinhos e à preservação ambiental”, disse Peter Christian Hackspacher, do Instituto de Geociências e Ciências Exatas (IGCE) da Unesp, em Rio Claro, e coordenador do IEAMar.
No momento, as atividades do instituto incluem o treinamento de professores e funcionários técnico-administrativos da Unesp para utilização de alguns dos 160 equipamentos multiusuários disponíveis para a comunidade científica e a iniciativa privada parceira.
Entre a aparelhagem se encontra um sistema que integra um espectrômetro de massas e um cromatógrafo líquido de alta performance. Isso permitirá o emprego de técnicas que caracterizam moléculas por meio da medida da relação entre a massa e a carga de seus íons. Já a espectrometria de massas é empregada na análise de misturas orgânicas complexas e da estrutura destes compostos.
Um sistema de espectrometria de massas pode incluir um cromatógrafo. Esse equipamento associado a outros pode, por exemplo, avaliar vestígios de produtos químicos e garantir a segurança dos alimentos, pois consegue avaliar o nível de impurezas. O IEAMar também será responsável pelo primeiro radar meteorológico dedicado à cobertura do litoral paulista, integrado à rede de radares da Unesp.
O novo instituto contará com um programa de pós-graduação em estudos avançados do mar, com o objetivo de contribuir para a formação de recursos humanos para atuação em pesquisa, inovação tecnológica e desenvolvimento de produtos, processos e serviços relacionados ao litoral paulista e a águas internacionais. O programa deverá ser voltado a pesquisadores com conhecimentos nas áreas de Química, Biologia, Geologia, Oceanografia, Farmácia, Zootecnia e engenharias, entre outras. (#Envolverde)
* Júlio Ottoboni é jornalista diplomado, pós graduado em jornalismo científico. Tem 30 anos de profissão, atuou na AE, Estadão, GZM, JB entre outros veículos. Tem diversos cursos na área de meio ambiente, tema ao qual se dedica atualmente.