Sociedade

Rio de Janeiro retoma licitação de PPP de compartilhamento de carros elétricos

Empresas disputarão contrato com a Prefeitura para implantar novo sistema de mobilidade urbana, sustentável, inteligente e com baixa emissão de carbono.

O projeto 

No dia 20 de julho, a cidade do Rio de Janeiro retomou a licitação de um novo serviço de mobilidade para seus cidadãos e visitantes: o serviço de compartilhamento de carros elétricos. Os interessados deverão apresentar suas propostas no dia 24 de agosto, sendo o vencedor aquele que oferecer a maior outorga para o Município.

Consolidando-se como um dos municípios brasileiros com as mais relevantes experiências no campo das “smartcities”(cidades inteligentes), principalmente depois de ter iniciado projetos de revitalização da região portuária e de ter desenvolvido o mais moderno Centro de Controle Operacional do Brasil, o Rio de Janeiro lançou mais um projeto que alinha inovação, eficiência, baixo consumo de carbono, sustentabilidade e em cooperação com a iniciativa privada.

Para a prefeitura, o modelo de compartilhamento surge como instrumento inovador para reduzir o uso privado dos veículos e incentivar mobilidade urbana mais ecológica e menos centrada no transporte individual.

Bairros que hoje demonstram maior geração e atração de deslocamento de veículos vão receber as 50 estações e as 200 vagas. Cosme Velho, Centro, Cidade Nova, Glória, Leblon, Laranjeiras, Botafogo, Urca, Catete, Copacabana, Leme, Flamengo e Ipanema atraem mais de 50% dos deslocamentos diários da cidade.

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A empresa vencedora terá no máximo 6 meses para implementar todo o esquema operacional estabelecido pela Prefeitura. Quando estiver em sua plenitude, a cidade do Rio terá 200 pontos de recarga em que os usuários do serviço poderão retirar e devolver os 100 carros elétricos disponíveis para o uso dos cidadãos e turistas.

“O projeto é muito interessante, pois disponibilizará um serviço que contribui com o bem-estar do cidadão e a mobilidade em uma grande cidade. Quem optar por usar o serviço poderá retirar um carro em uma das estações, usá-lo pelo tempo desejado e devolvê-lo em uma das outras 200 vagas de estacionamento disponíveis na rua e pagar somente pelo tempo utilizado”, explica Rodrigo Reis, sócio da Radar PPP, que, em conjunto com as consultorias PwC, Albino Advogados e IDOM, liderou o consórcio responsável por desenvolver os estudos de viabilidade do projeto.

O projeto não consumirá recursos orçamentários da Prefeitura, pelo contrário. A empresa responsável pelos serviços será selecionada via licitação e deverá pagar uma outorga para a Prefeitura para poder explorar os serviços. Adicionalmente, o projeto foi desenhado de modo a não competir com outras modalidades de transportes (como táxi, ônibus e metrô), pois sua função é fundamentalmente de complementação, em pequena escala, dos serviços de transporte existentes.

A empresa vencedora poderá cobrar as tarifas dos usuários e, também, explorar receitas de patrocínios que se vinculem ao novo modal de transporte de passageiros da cidade. “A futura concessionária deverá realizar um investimento estimado de aproximadamente R$ 19 milhões e poderá, na medida em que houver demanda, não apenas manter o esquema operacional mínimo, mas também ampliar o número de carros e estações de recarga”, explica Rodrigo Reis.

Depois do fenômeno de milhares de bicicletas disponibilizadas nas cidades brasileiras em sistemas públicos de compartilhamento, via arranjos público-privados em que a Prefeitura seleciona um prestador de serviços que disponibiliza as bicicletas aos usuários sem custo para o poder público, é previsto que teremos, nos próximos anos, diversas cidades brasileiras com serviços de compartilhamento de carros elétricos incentivados pelo poder público municipal. De acordo com Rodrigo Reis, grandes cidades brasileiras estão lançando serviços similares, tal como Belo Horizonte, Curitiba e Fortaleza.

O projeto do Rio de Janeiro tem potencial de transformar o mercado brasileiro de carros elétricos, cuja presença no Brasil será intensificada na medida em que o projeto tem condições de ser replicado em várias cidades.

Veja alguns fatos do projeto de compartilhamento de carros elétricos do Rio de Janeiro:

  • Preço sugerido mínimo estimado em R$ 18 por frações de 30 minutos de uso do serviço;
  • Capacidade de realizar mais de 700 viagens por dia;
  • A distância entre as estações de recarga será de, no máximo, 400 metros (5 minutos de caminhada);
  • Nomes de cidades que já contam com serviços similares: Londres, Amsterdã, Paris, Milão, Bordeaux, Indianápolis, dentre outras.

Empresas possivelmente interessadas na licitação

Há diversas empresas possivelmente interessadas na licitação. Elas chegaram a solicitar autorização para realizar os estudos de viabilidade do projeto, mas não foram selecionadas pela Prefeitura para essa fase, pois a disputa para realizar os estudos de viabilidade foi vencida pelo grupo liderado pela Radar PPP.

Entretanto, agora, com o modelo de negócio divulgado em sede de consulta pública, as empresas que tentaram obter a autorização para fazer os estudos de viabilidade terão todo o interesse de também se organizar para disputar a licitação. As empresas são:

  • Grupo Bolloré (que opera o sistema de compartilhamento de carros elétricos de Paris [1], Lyon, Bordeaux, Indianápolis e Londres);
  • O grupo do CEiiA (que conta com Riba Motos, COOLTRA do Brasil e Teleperformance Telecom);
  • A brasileira Serttel (que opera os sistemas de compartilhamento de bicicletas em diversas cidades brasileiras e tem um projeto piloto de compartilhamento de carros elétricos em Recife); e
  • Itaipu Binacional (que, em conjunto com a Fiat, tem uma iniciativa madura de desenvolvimento de carros elétricos[2]).

A qualificação técnica para participar da licitação é bastante razoável em relação ao tamanho do empreendimento, o que fomentará uma disputa acirrada pelo contrato. Para se qualificar, uma empresa ou o consórcio devem comprovar que possuem experiência anterior na gestão de sistema de locação de modais de transporte de qualquer natureza, sem a utilização de motorista.

O licitante vencedor será aquele que apresentar o maior valor de outorga para a Prefeitura. O valor de outorga mínimo foi inicialmente definido pela Prefeitura em R$ 1,5 milhões, pelos 5 anos de contrato.

Além disso, também poderão ter interesse direto ou indireto na licitação empresas interessadas em conectar suas marcas ao serviço,como acontece nas cidades brasileiras com as bicicletas.

De olho nesse novo mercado, grandes anunciantes do setor publicitário brasileiro estão interessados nesse projeto, na intenção de conectar suas marcas, produtos e serviços à uma iniciativa sustentável e inovadora como o sistema de compartilhamento de carros elétricos no Rio de Janeiro. Estas empresas poderão também disputar a licitação em consórcio com outras empresas.

Como citado acima, um bom exemplo desse movimento foi dado pelos bancos Itaú e Bradesco, que já investem em publicidade associada a sistemas de compartilhamento de bicicletas e são potenciais interessados no sistema de compartilhamento de carros elétricos também.

Qual carro elétrico será utilizado?

No que diz respeito ao modelo de carro elétrico que será utilizado, a empresa que vencer a licitação poderá selecionar qualquer fornecedor de um veículo elétrico que tenha autorização para trafegar no município do Rio de Janeiro.

Nesse sentido, há vários fornecedores disponíveis, como Renault (Zoe), Fiat (500e), BMW (i3), BYD (e6), Mitsubishi (iMiev), Citroen (CZero), Peugeot (ION), Nissan (Nissan Leaf), entre outros.

A licitante vencedora, portanto, irá contratar o carro elétrico que achar mais adequado para o sistema a ser implantado, podendo escolher mais de um modelo que comporá a frota mínima de 100 carros elétricos do sistema.

A licitação também não impedirá que uma fornecedora de veículos integre um consórcio que irá disputar a licitação.

Segundo Rodrigo Reis, sócio da Radar PPP, o modelo de negócio é bastante flexível. “A ideia é permitir que o mercado tenha ampla liberdade para se organizar para disputar a licitação. Como é um projeto inovador, o esforço maior foi de deixar claras as premissas de interesse público estabelecidas pela Prefeitura e permitir que os agentes econômicos interessados no projeto (montadoras, anunciantes, operadores, fornecedores de energia elétrica, investidores, entre outros) se organizem para a disputa”. (#Envolverde)