Por Katherine Rivas, da Envolverde –
Especialistas cobram fim da “agenda marginal”de mudanças climáticas.
Um estudo do Sistema de Estimativa de Emissão de Gases de Efeito Estufa (SEEG), do Observatório do Clima, identificou um erro nos dados utilizados pelo Governo Federal nas estratégias ratificadas no Acordo de Paris para a diminuição das emissões de efeito estufa até 2030.
O Observatório apontou que o Governo considerou dados do Segundo relatório do INDC (Contribuições apresentada pelo Brasil às Nações Unidas) no qual as emissões até 2030 seriam de 1,2 bilhões de toneladas de CO2. No entanto, existe um Terceiro relatório que apresenta um avanço no cálculo de emissões e remoções onde se comprova que no ano 2005 as emissões foram de 2,8 bilhões chegando assim até 2030 com 1,6 bilhão. Em consequência ao invés de diminuir teríamos um aumento de 21% em gases de efeito estufa.
Para o Brasil, que foi um dos primeiros países em ratificar o Acordo de Paris no 12 de setembro, este erro apresentará conflitos futurosnas expectativas da comunidade internacional. O Observatório sugere uma adaptação dos dados e estratégias necessariamente alterar as Políticas Públicas. Com a modificação ao invés de diminuir 43% das emissões em 2030 o Governo se comprometeria com 57%.
O estudo do Observatório avaliou as emissões de 1970 até 2014 e realizou uma previsão nos próximos quinze anos. Entre as estratégias principais estão: a restauração de 12 milhões de hectares de mata, a recuperação de 15% de hectares degradadas, o uso de 33% de energias renováveis e políticas de desmatamento zero.
Mudança dos setores
Especialistas participaram junto ao Observatório na avaliação dos setores em sustentabilidade.
Em relação aos resíduos sólidos houve um crescimento continuo em estratégias ambientais. O boom aconteceu com as leis de Resíduos Sólidos e Saneamento Básico que permitiram um protagonismo sustentável dos governos municipais. São Paulo, Minas Gerais e Paraná ainda mantém altos índices de produção de resíduos e precisam de estratégias efetivas.
Em relação à Energia, a inovação está nas empresas de Energia Solar e Eólica que apresentam um futuro promissor na economia. No entanto, a falência do setor se apresenta nos diversos debates de eletrificação. David Tsai do Instituto de Energia e Meio Ambiente acredita em melhorias durante o governo Temer. Tsai afirmou que José Sarney Filho, ministro do Meio Ambiente, dialogou mais com o setor, porém qualifica as iniciativas dele como frágeis. “A crise econômica reduziu também as emissões, mas não vamos depender disso para sempre.Mudanças climáticas devem ser prioridade na agenda global” explica.
Desmatamento zero
O principal agente das emissões de efeito estufa e do desmatamento da Amazônia é o setor agropecuário. O governo estabeleceu como meta voltar aos níveis de 2005, onde houve uma redução de 90% no desmatamento do bioma. Hoje são 15 milhões de pastagens degradadas das quais 5 milhões são parte do programa de recuperação florestal.
Marina Piatto, do Imaflora, defende que chegou a hora de colocar as questões climáticas fora de uma agenda marginal. Ela aponta que o objetivo é que em 2050 os biomas não tenham emissões de gases efeito estufa. “Precisamos de uma economia séria e descarbonizada. Isso vai além de simples discursos de ministros” desabafa.
A especialista qualificou a participação de redes varejistas e frigoríficos em programas de desmatamento zero e pecuária sustentável como um excelente começo. Elogio também as estratégias do Estado de Mato Grosso convidando a outros estados brasileiros a imitá-las. (#Envolverde)