Política Pública

Desemprego cresce entre idosos, enquanto entre jovens se estabiliza  

Análise está na Carta de Conjuntura do Ipea, que apresenta ainda os rendimentos por setor, por tipo de ocupação e por estado, além da taxa de formalidade.

A análise desagregada do mercado de trabalho feita pelo Grupo de Conjuntura do Ipea, por meio de microdados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (PNADC), mostra uma radiografia inédita do desemprego no país. O grupo de jovens entre 14 e 24 anos é o mais afetado entre os vários segmentos da população economicamente ativa, mas é no grupo de idosos (pessoas com mais de 59 anos) que se observa a maior taxa de variação. Na comparação do segundo trimestre deste ano com o quarto trimestre de 2014 (último período antes da piora no mercado de trabalho), o aumento do desemprego na faixa de idosos foi de 132%, enquanto entre os jovens a variação chega a 75%. Esta é uma das constatações da análise publicada na Carta de Conjuntura nº 32, divulgada hoje (20/09), pelo Ipea.

Quando se analisa o que ocorreu em 2016, a taxa de variação do desemprego também foi maior para as pessoas com mais de 59 anos: alta de 44% na comparação entre o primeiro e o segundo trimestres deste ano. A taxa de desemprego desse grupo passou de 3,29% no primeiro trimestre para 4,75% no segundo trimestre.

O trabalho publicado pelo Ipea traz uma análise desagregada do mercado de trabalho, com base em microdados da PNADC e dados detalhados do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (CAGED). Entre abril e junho de 2016, foram encerradas mais de 226 mil vagas formais, além de outras 94 mil no mês de julho. Segundo o coordenador da publicação, o técnico de Planejamento e Pesquisa do Ipea José Ronaldo Souza Jr, “na comparação com o trimestre anterior, o rendimento real médio não apresentou um desempenho tão ruim quanto à ocupação, apresentando uma queda de 1,5%”.

A redução nos salários reais foi pior em setores que exigem menor qualificação, sendo a queda dos rendimentos mais forte entre os que recebem menos que o salário mínimo – cerca de 9% nos últimos 12 meses. Apenas o trabalhador que ganha exatamente o salário mínimo não apresentou perda real de rendimento. A queda generalizada nos rendimentos, somada à queda na ocupação, fizeram com que no trimestre entre maio e julho de 2016, a massa salarial se situasse em 175 bilhões de reais (em R$ de junho de 2016), mesmo patamar que se encontrava há três anos.

A deterioração do emprego já está bastante generalizada pelo país. Em apenas oito estados a taxa de desemprego encontra-se ainda abaixo dos 10%: em três estados do Sul, além de  Rondônia, Roraima, Piauí, Mato Grosso do Sul e Mato Grosso.  As maiores taxas de desemprego foram observadas no Amapá e na Bahia, seguidos de Pernambuco e Alagoas.

Entre as ocupações que não observaram diminuição da renda no último ano estão os militares, profissionais das ciências e engenharias, ciências sociais e culturais, profissionais da engenharia de nível médio e profissionais de saúde de nível médio. As maiores quedas no rendimento médio foram observadas entre os professores do ensino superior, profissionais em operações financeiras e administrativas, trabalhadores qualificados, operários e artesãos da construção e diretores e gerentes. Entre as ocupações que exigem ensino superior, os maiores rendimentos estão entre os médicos, enquanto os menores estão entre os professores do ensino médio e fundamental.

Segundo a Carta de Conjuntura do Ipea, devido ao cenário macroeconômico atual, é provável que se observe a manutenção da queda do nível de ocupação, causada principalmente pelo menor número de admissões, e estas ainda não apresentaram sinais de recuperação. Se isso resultará em aceleração da taxa de desemprego, dependerá muito do comportamento da População Economicamente Ativa (PEA).

(#Envolverde)