Brasil instala primeiro módulo científico no interior do continente antártico

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O módulo científico será intitulado de Criosfera 1.
A nova estação recolherá informações sobre temperatura, ventos, radiação solar e umidade, além de medir os níveis de material particulado e gás carbônico que chegam ao continente. A instalação da unidade científica deve ser iniciada em dezembro de 2011 e contará com sensores que enviarão os dados via satélite.

Segundo Jefferson Simões, coordenador do Instituto Nacional de Ciência e Tecnologia (INCT), primeiro glaciólogo brasileiro e pesquisador da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), há muitas estações na costa da Antártida, porém, no interior são poucas. “As condições são bem mais difíceis”, enfatizou ao jornal O Estado de São Paulo. O módulo científico será intitulado de Criosfera 1.

A unidade será instalada na região dos Montes Thiel, a 84º de latitude sul, aproximadamente 500 km do Pólo Sul geográfico, onde os termômetros costumam marcar -35°C. Os cientistas brasileiros realizarão uma exploração glaciológica com uma sonda para perfurar 100 metros na camada de gelo. “Poderemos analisar a história climática dos últimos 500 anos”, explicou Simões.

Depois de instalada a unidade terá manutenção anual prevista para o período de dezembro (verão antártico). O pesquisador afirmou que o custo torna inviável a habitação da base dentro do continente. Mas prevê que o módulo é o primeiro passo do país rumo ao manto de gelo oriental da Antártida, onde o ambiente é ainda mais hostil. Na base russa de Vostok, por exemplo, a temperatura já atingiu -89,3°C.

Comandante Ferraz

A Estação Comandante Ferraz foi criada em 1984 e é localizada na Ilha Rei George (conhecida como Antártida Marítima). A unidade está a 62° de latitude sul, o que representa 130 km do continente. A temperatura média gira em torno de -2,8°C.

De acordo com Simões, a iniciativa não visa substituir as pesquisas que são realizadas em Comandante Ferraz. “A estação atual é muito importante, principalmente nas áreas relacionadas às biociências”, revelou o glaciólogo. “Há muito trabalho para os biólogos na costa, no Mar Austral. Já o interior da Antártida é um grande deserto.”

* Publicado originalmente no site EcoD.