Um levantamento do sociólogo Julio Jacobo Waiselfisz, da Faculdade Latino-Americana de Ciências Sociais, com base em dados do Ministério da Saúde; apontou um grande aumento no número de suicídios de crianças e adolescentes no Brasil.De acordo com a pesquisa, entre 2000 e 2015, os suicídios cresceram 65% entre pessoas com idade entre 10 e 14 anos, e 45% de 15 a 19 anos. Isso representa mais do que a alta de 40% na média da população. Casos recentes de suicídios de estudantes de colégios particulares em São Paulo acenderam um sinal de alerta em pais e escolas.
No período da adolescência, e mesmo da pré-adolescência, os indivíduos têm uma vulnerabilidade muito grande em relação ao bullying, a pressões sociais, entre outros aspectos. As redes sociais são um dos grandes motivadores de aumento de ansiedade e até de depressão, seja por comentários maldosos ou as famosas fake news, que viralizam instantaneamente. As redes também podem afetar a autoestima de um jovem que percebe que os posts de seus colegas têm muito mais curtidas do que os dele.
Os recentes casos de suicídios de estudantes de colégios particulares de São Paulo (três neste ano e um em 2017) não chegam a surpreender especialistas em educação e saúde mental.
Dados do primeiro boletim epidemiológico sobre suicídio, divulgado em 2017 pelo Ministério da Saúde, informam que o suicídio se constituiu na quarta maior causa de morte de jovens entre 15 e 29 anos no Brasil. Ainda, segundo com dados da Organização Mundial da Saúde (OMS) divulgados no final de fevereiro, 9,3% dos brasileiros sofrem de algum transtorno de ansiedade.
Luciano Passianotto, especialista nas áreas de depressão, dependências e terapia de casal, afirma que a ansiedade, depressão ou qualquer outra doença psicológica prejudica o cotidiano das pessoas, e precisa de tratamento adequado por causar consequências graves.
“As doenças psicológicas são uma das maiores causas de afastamento do trabalho, são responsáveis pelo aumento no risco de suicídios e ainda são vistas com preconceito, principalmente por aqueles que não as compreendem”, completa.
A ansiedade é uma reação natural do organismo humano, que busca adaptar a sensação para uma situação de estresse, como uma luta ou fuga. O problema aparece quando ela se torna patológica, ou seja, quando o corpo reage dessa maneira mesmo sem algum estímulo ou reage de forma descompensada e desproporcional.
Também é importante ressaltar que a ansiedade pode atingir todas as idades, desde crianças a idosos. Por isso é necessário a adaptação de técnicas de tratamento de acordo com a idade do paciente.
“É fundamental entender as diferenças nos seus sintomas e desenvolver diagnósticos e tratamentos mais eficazes e específicos para cada fase da vida”, aconselha Luciano. (#Envolverde)