Sociedade

Veículos a diesel são responsáveis por metade da poluição veicular de SP

Pesquisa coordenada pelo Instituto de Física (IF) da USP calculou que veículos movidos a diesel, como caminhões e ônibus, são responsáveis por cerca da metade da concentração de compostos tóxicos na atmosfera, tais como benzeno, tolueno e material particulado. É um valor muito alto, segundo os pesquisadores, considerando-se que ônibus e caminhões representam somente 5% da frota veicular. A região metropolitana de São Paulo tem mais de 7 milhões de veículos.

O trabalho, realizado em condições reais, utilizou a medida da quantidade de etanol na atmosfera para diferenciar as emissões geradas por veículos leves (carros e motos), das produzidas por veículos pesados (caminhões e ônibus).

O estudo foi publicado nesta segunda, 16 de julho, na revista Scientific Reports, do grupo Nature.“A estimativa da emissão de poluentes de cada tipo de veículo é feita geralmente baseada em valores medidos em laboratório e multiplicado pelo número de veículos nas ruas”, diz o professor Paulo Artaxo, do IF, e um dos autores do estudo. O problema dessa metodologia, segundo ele, é que não leva em conta necessariamente condições reais de condução e manutenção dos veículos, aspectos “chave” para emissão de poluentes. O estudo publicado agora foi realizado em condições reais.

Outros estudos ao redor do mundo têm focado no papel do uso de biocombustíveis como etanol, na redução de emissão de poluentes. “O grande diferencial desta análise foi o foco não no efeito do etanol em si, mas no seu uso como um traçador de poluentes, permitindo separar pela primeira vez fontes veiculares distintas”, explica o pesquisador Joel Ferreira de Brito, líder do estudo e cujo pós-doutorado no IF levou a esses resultados.

Embora os veículos pesados representem apenas 5% da frota em circulação, o estudo demonstra que eles emitem cerca de 30% do monóxido de carbono (CO), entre 40% e 45% do benzeno e do tolueno, e 50% do “black carbon”. Esses resultados foram obtidos durante três meses de medida no centro de São Paulo, na primavera, um período relativamente chuvoso e de pouca poluição. “Outros estudos mais extensos, inclusive no inverno, com acúmulo de poluentes na atmosfera, deve ampliar nossa compreensão do impacto dos veículos na atmosfera de São Paulo e na sua população”, afirma Ferreira de Brito. Fonte Jornal da USP (#Envolverde)