“Paredes e janelas não conseguem deixar o ar saudável”, comprova pesquisa

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Poluição pode causar danos a saúde.
Partículas inaláveis em índices até 392% superiores ao recomendado pela Organização Mundial da Saúde (OMS) foram detectadas em dez ambientes internos como apartamentos, escritórios e consultórios em diversas localidades de São Paulo. O dado foi divulgado segunda-feira, 1 de agosto, pelo Estadão, responsável pela pesquisa.

O material particulado, que forma uma poeira fina em até 80% pela queima de combustível, é um dos principais poluentes da cidade, onde a frota de veículos supera os 7 milhões. As partículas ficam em suspensão no ar, principalmente em dias secos e frios, e circulam normalmente em ambientes internos.

O fato colabora para a sensação de que um piso que acabou de ser limpo, por exemplo, fique imediatamente sujo. Além disso, penetram pelo nariz e chegam ao pulmão e ao sangue, aumentando o risco de doenças.

Segundo o professor Paulo Saldiva, coordenador do Laboratório de Poluição Atmosférica da USP, os índices encontrados são absurdos para uma cidade como São Paulo. “Avenidas de Nova York e Boston não são tão poluídas quanto ambientes internos aqui”, declarou Saldiva, que explanou sobre os riscos em relação à saúde “Tudo o que o cigarro faz, essa poluição vai fazendo lentamente”.

Dependendo da predisposição pessoal, pode favorecer o aparecimento de asma, pneumonia e infarto do miocárdio.

Resultados dos locais

A Avenida República do Líbano, em Moema, na zona sul (ao lado do Parque do Ibirapuera), mais próximo a vias de grande circulação de veículos, apresentou o pior resultado. Em um consultório médico, o medidor apontou 123 microgramas de partículas por metro cúbico, quase quatro vezes maior do que as 25 consideradas ideais pela OMS para medição de 24 horas. No local, apenas uma janela entreaberta facilitava a entrada de poluentes do exterior, onde a medição mostrou ar pior – 162 microgramas.

Em um prédio de escritórios na Rua Flórida, no Brooklin, zona sul, perto da Marginal do Pinheiros e da Avenida Engenheiro Luís Carlos Berrini, a medição realizada às 18 horas, no 9º andar, o ar tinha 77 microgramas de partículas – 208% acima do ideal.

Em apartamentos residenciais como o localizado em Jardins, também na zona sul, a vista do 18.º a medição também apontou poluição em um carpete adorna a sala. “Mando passar aspirador duas, três vezes por semana. É impressionante como suja rápido”, afirmou a oftalmologista Ruth Vita, dona da residência.

Apenas a medição interna feita às 13h45 na Radial Leste, zona leste, teve resultados adequados ao padrão da OMS. Nesse horário, a poluição tende a ser menor em razão do trânsito mais leve e da maior umidade em relação ao resto da tarde.

Duas medições internas, porém, tiveram resultados piores do que o das vias. Caso de um escritório da própria Faculdade de Medicina da USP, mais poluído do que o ar na Avenida Doutor Arnaldo, na zona oeste.

* Publicado originalmente no site EcoD.