por Reinaldo Canto –
Se já mostrava ser uma tendência, ausência de políticas públicas inclusivas do atual governo contribui para que empresas como a EDP RENOVÁVEIS sejam fundamentais para a geração de emprego e renda em comunidades mais carentes
Que vivemos uma crise já estamos cansados de saber e ouvir, mesmo assim surpreende o abandono dos últimos tempos até mesmo de projetos de agricultura familiar e comunitária que beneficiam muitos com poucos recursos.
Percorrendo o Nordeste do país somos informados sobre a interrupção de linhas de financiamento, repasses de verbas e mesmo apoio técnico para famílias e comunidades carentes. Se não resolvem de todo a inexplicável omissão do governo federal, felizmente vemos a presença da iniciativa privada ocupando o espaço do poder público como alguns mantidos pela EDP Renováveis, uma gigante do setor de energia, com forte atuação no interior do Rio Grande do Norte. A empresa possui parques de energia eólica em operação e outros em construção na região Nordeste e, por isso mesmo, tem apoiado uma série de projetos locais. “O bom relacionamento com as comunidades, que é obtido por meio de ações sociais influencia diretamente no sucesso da implantação e da operação dos ativos, assim como contribui para que a marca da EDP Renováveis seja conhecida de maneira positiva. A empresa ganha, assim, o “selo social, concedido pelo principal stakeholder; os vizinhos dos ativos da empresa”, explica Emiliana Fonseca, especialista em Meio Ambiente da empresa.
Aqui relato dois bons exemplos de projetos que tem o objetivo, entre outros, de empoderar e incluir pessoas, valorizar o conhecimento local e garantir emprego e renda.
Abelhas dão exemplo para trabalho coletivo em prol da produção de mel
A JOCA – Associação de Jovens Agroecologistas Amigos do Cabeço da cidade de Jandaíra, interior do Rio Grande do Norte (a 122 kms da capital Natal) é um bom exemplo de trabalho coletivo e cooperativo apoiado por empresas e universidades. Aliás, Jandaíra é também o nome da abelha local que ainda corre risco de extinção, mas graças ao trabalho de preservação e conservação que vem sendo desenvolvido, esse pequeno e fundamental ser vivo é capaz de retribuir com um mel de qualidade e de grande valor agregado.
Mas como explica Francisco Melo, atual tesoureiro da JOCA, “a natureza tem seu ritmo e seu ciclo e aprendemos a respeita-la”. Portanto, como nem tudo caminha na velocidade exigida pelo tal mercado, a associação levou 10 anos para estruturar a cadeia produtiva e conseguir o reconhecimento e relevância do trabalho desenvolvido, eles inclusive integram o movimento global Slow Food nascido na Itália nos anos 80 do século passado, ainda necessitam de apoio e parcerias como as estabelecidas com o Sebrae e o IFRN – Instituto Federal do Rio Grande do Norte, além é claro de alguns investimentos em infraestrutura necessários para aprimorar a produção. Aí que entra o fundamental papel e apoio da iniciativa privada com presença na região.
A EDP Renováveis Rural reconheceu o potencial e o trabalho sério que já vinha sendo desenvolvido pela JOCA, e beneficiou oito famílias que foram contempladas com meliponários (estruturas para a criação de abelhas e produção de mel). Além disso, por meio do projeto Jardins Caatingueiros, a empresa financiou a construção de uma área coberta para desenvolver a meliponicultura (sistema de criação de abelhas sem ferrão) e também a de uma cisterna com capacidade para armazenar 60 mil litros de água. Essa água, fundamental numa região que sofre com a escassez hídrica e serve, principalmente, para irrigar plantas nativas, entre elas, frutíferas, cujas mudas também foram cedidas pela EDP RENOVÁVEIS, e serão frequentadas pelas abelhas, consequentemente, aumentando a produção e a multiplicação da espécie. E, claro as frutas poderão ser consumidas ou comercializadas pela comunidade. Toda a assistência técnica ficou a cargo da ADEL – Agência de Desenvolvimento Econômico Local – com sede em Pentecoste, no estado vizinho do Ceará.
Empoderamento e Empreendedorismo Feminino
A EDP Renováveis Rural também escolheu para apoiar a reforma e ampliação da cozinha artesanal da Associação Resistência e Sabores do Assentamento Quilombo dos Palmares, na comunidade Zabelê, localizada na cidade de Touros (a 84 kms de Natal). Desde 2012 um grupo de mulheres já utilizava a cozinha de uma antiga fazenda desapropriada pela reforma agrária para à fabricação de bolos e doces comercializados na região. Mas nos últimos tempos, a fiscalização da vigilância sanitária exigiu algumas reformas e melhorias na estrutura para continuar funcionando. A EDP Renováveis contribuiu para a adequação da cozinha comunitária e ainda implantou quintais produtivos, cujos ingredientes serão utilizados para as receitas da Associação Resistência e Sabores. Segundo dona Maria do Socorro, uma das principais lideranças da Associação e uma das coordenadoras da cozinha comunitária, o apoio chegou na hora certa, “nós estávamos correndo o risco de fechar, pois não podíamos mais vender os bolos, mas agora vai ser muito bom pra nós”.
Assim como esses projetos descritos aqui, existem muitos outros espalhados pelo Brasil que não precisam de muito dinheiro para garantir o sustento e a melhora na qualidade de vida de milhares de brasileiros. Essas famílias merecem atenção e o efetivo apoio do poder público e não contar apenas com a boa vontade da iniciativa privada. Elas pedem muito pouco pelo enorme retorno que a sua valorização irá trazer para todo esse imenso e desigual país.
(#Envolverde)