* Por Luis Fernando Guggenberger –
Esta crise que estamos enfrentando na luta contra a pandemia do COVID-19 tem sido muito dolorosa para todos nós. Sem dúvida, temos que encarar esta guerra biológica com uma das habilidades mais requeridas para sobrevivermos ao século XXI: a visão sistêmica. O Coronavírus e as medidas para combatê-lo não podem ser encarados somente com a lupa da saúde. Aprendemos que é preciso tomar decisões olhando para todos os aspectos, incluindo empregos, geração de renda, educação, afinal nossos filhos também estão se adaptando a uma nova rotina com o ensino à distância, a saúde das casas, para evitarmos os problemas respiratórios, entre outras questões. Eu não quero entrar aqui em uma conversa que levante um viés político, mas sim um olhar propositivo, de enxergarmos aprendizados e oportunidades ao mesmo tempo.
Sabemos que o setor da construção civil é tido como um dos mais atrasados do mundo, seja por ter um processo construtivo ainda muito artesanal, ou por ser o segundo pior em uso de tecnologias digitais, como apontou o estudo feito em 2017 pela consultoria McKinsey. Ao debater com colegas do setor percebo que, assim como os demais, é preciso adaptar-se urgentemente ao mundo digital, começando com as estruturas administrativas em trabalho remoto, visto que as obras não param e todos estão tomando o devido cuidado com os colaboradores e seguindo as orientações da OMS (Organização Mundial da Saúde) que incentivam o isolamento social.
Nos últimos dias, conversei com frequência com empreendedores de startups, para entender o quanto a crise os está afetando e o quanto seus fluxos de caixa suportam para que não entrem nas estatísticas de falência de pequenos negócios e do aumento do desemprego. Percebi um tom otimista, pois algumas construtoras mantiveram o ritmo de investimento e de incorporação de tecnologias em suas obras, mesmo que outras tenham optado por congelar qualquer aporte como medida de proteção ao caixa.
Das poucas vezes que pude sair de casa para comprar algum produto de necessidade básica para a minha família, percebi que os pequenos lojistas de material de construção estão tentando se adaptar à nova realidade. Aliás, esse tipo de comércio, mesmo no início das medidas de isolamento social, não era visto como primordial para atender as necessidades dos cidadãos.
Pois bem, acredito que as dificuldades que estamos, e continuaremos a enfrentar nos próximos meses, nos mostram que agora é o momento de investir em tecnologias dentro do setor da construção civil, para aumentar a produtividade e para que possamos atender as necessidades da sociedade. O lojista, seja ele pequeno ou médio, tem que investir em vendas on-line, por marketplace, aplicativo de mensagem instantânea ou outra opção viável a sua realidade.
Uma construtora encontra hoje no Brasil um leque com mais de 1000 startups que podem oferecer soluções nas mais diferentes etapas do processo construtivo, do planejamento à execução, passando pelo monitoramento e gestão das obras. Com essas tecnologias é possível acompanhar muitos dos processos à distância, garantindo produtividade, redução de despesas e de desperdícios nos canteiros.
Portanto, a hora é agora! Te convido, ou melhor te provoco a, durante a quarentena, reservar um tempo na agenda para refletir sobre quais os seus desafios de negócio, o que um empreendedor pode ajudar a resolver, assim como permitir um espaço para fazer à distância conversas com startups que possam lhe trazer soluções efetivas, permitindo ao seu negócio melhores resultados e maior perenidade. Aceita o desafio?
*Luís Fernando Guggenberger é executivo de Inovação e Sustentabilidade da Vedacit, responsável pela coordenação das iniciativas de Inovação Aberta e pelo Instituto Vedacit. Sua experiência profissional é marcada pela passagem em fundações empresariais como Fundação Telefônica e Instituto Vivo, além de organizações sociais na cidade de São Paulo. É membro dos Comitês de Sustentabilidade e de Inovação do IBGC – Instituto Brasileiro de Governança Corporativa e em Conselhos de Institutos. Nos últimos anos vem atuando nos campos da Inovação e Empreendedorismo Social, de Tendências e dos Negócios de Impacto Social.