Competitividade, este é o nome do jogo

Nós temos que nos tornar competitivos. A alternativa de não sermos, na minha opinião, é inaceitável.

É claro que existem vários gargalos, como a falta de uma infraestrutura adequada, a tremenda burocracia imposta pelos vários níveis de governo, a absurda estrutura fiscal que impõe às empresas uma organização excepcional para lidar com ela, sem falar do valor absoluto dos impostos que as empresas têm que incorrer e que são totalmente incompatíveis com os níveis incorridos em outros países e, pior, sem que haja uma contrapartida de serviços de qualidade que justifique. Poderíamos citar ainda a nossa estrutura jurídica e o sistema político do nosso país.

De tudo isto, porém, o mais importante para mim é a formação de pessoas competentes, capazes de lidar com estes problemas de uma forma superior, pois não temos apenas que correr para tirar o atraso, temos que, não só correr mais do que os outros, mas dar saltos que nos coloquem à frente nas áreas em que temos vocação para sermos melhores.

EDUCAÇÃO. Não vou me estender nos problemas e mazelas que temos nesta área porque não é o objetivo deste artigo, mas que precisamos dar toda importância do mundo a esta área, isto precisamos, e muito rapidamente.

Temos qualidades como povo que, se bem aproveitadas, nos permitirão dar saltos nesta área, pois somos extremamente criativos, empreendedores e capazes de aprender muito rapidamente, se motivados.

Somente por meio da educação conseguiremos maior desenvolvimento sustentável e por meio dele a diminuição da miséria e a devida atenção com o meio ambiente.

Vejam o que está ocorrendo hoje, com o primeiro relampejo de crescimento. Falta mão de obra capacitada, em todas as atividades, do pedreiro ao engenheiro, soldadores, médicos no interior, para não citar tantos outros. Por outro lado, as ruas estão repletas de camelôs, flanelinhas e outros participantes do mercado informal.

Presido uma ONG, a Ação Comunitária do Brasil RJ , que se dedica a oferecer oportunidades em comunidades de baixa renda para aqueles que procuram se capacitar para uma profissão, em áreas como construção civil, moda, costura, beleza e culinária, entre outras. Tivemos experiências muito interessantes quando fomos escolhidos entidade âncora do programa Primeiro Emprego no Rio de Janeiro, bem como no Planseq, um programa de formação de mão de obra para a construção civil. Iniciativas como estas precisariam ser aperfeiçoadas e expandidas para que tenham um impacto maior nas comunidades de baixa renda. Por outro lado, um incentivo à formação de técnicos nos períodos ociosos das escolas aceleraria a disponibilização de uma mão de obra escassa em várias áreas. A formação técnica não impede que, aquele que queira, continue a sua formação universitária e permite que, enquanto se forma, atue na área técnica suprindo uma deficiência e ao mesmo tempo se capacitando melhor na sua profissão. Outros países fazem isto. Por que não podemos fazer melhor?

Sabemos que a formação de primeiro e segundo graus ainda deixa muito a desejar em termos de qualidade. A ponto de alunos que concluem o primeiro grau escolar mal saberem ler e escrever. Portanto, é fundamental que haja um programa urgente de melhoria do ensino básico e uma oferta de ensino complementar para aqueles que, apesar de já terem o primeiro grau concluído, não têm a formação esperada.

Precisamos de um verdadeiro mutirão nesta área envolvendo o governo, as empresas que se beneficiam direta e indiretamente deste esforço, as entidades de classe, as escolas, enfim toda a sociedade brasileira.

Vamos dar ênfase à Educação, valorizar o professor e os valores voltados para o trabalho, a ética, a competência, o meio ambiente e a qualidade. O desenvolvimento certamente virá como consequência. Correndo o risco de ter que pagar direito autoral, gostaria de terminar dizendo que acredito que sim, NÓS PODEMOS.

* Rudolf Höhn é colunista de Plurale, colaborando com artigos sobre sustentabilidade. É presidente do Conselho de Responsabilidade Social da ACRJ, presidente da ONG Ação Comunitária e Sócio Diretor da E-Hunter. Foi presidente da IBM no Brasil.

** Publicado originalmente no site Plurale.