ODS16

Pesquisa revela que mais da metade da população tem avaliação positiva de organizações da sociedade civil

Estudo encomendado pelo GIFE — Grupo de Institutos, Fundações e Empresas, que há 27 anos trabalha pelo fortalecimento da filantropia e do investimento social privado no país — também mostra que dois terços de entrevistados têm interesse em ações no campo social, embora desconheçam especificidades do setor. 

O Grupo de Institutos, Fundações e Empresas (GIFE) — em parceria e com o apoio do Instituto ACP, Fundação Grupo Boticário de Proteção à Natureza, Instituto Natura, Fundação Telefônica Vivo e Fundação Tide Setubal — apresentam, nesta semana, os resultados da pesquisa inédita “Percepção de brasileiros/as sobre a sociedade civil”. O estudo foi encomendado pelo GIFE, plataforma que, há 27 anos, trabalha pelo fortalecimento da filantropia e do investimento social privado no Brasil.

A pesquisa mostra que, mesmo desconhecendo especificidades do terceiro setor, a população tem uma avaliação positiva das organizações que nele atuam. O levantamento aponta que mais da metade dos entrevistados veem positivamente a atuação dessas instituições: 21% atribuem tal visão por conhecerem bem o trabalho feito pelas entidades, 19% por verem depoimentos de pessoas que foram apoiadas por elas e 16% por confiarem na integridade de quem faz parte de uma organização da sociedade civil.

Um total de 2.002 entrevistas foram realizadas durante a pesquisa, com pessoas de 16 anos ou mais. Cerca de dois terços mostraram algum nível de interesse em ações no campo social/terceiro setor; seja atuando diretamente, seja se informando e conversando sobre assuntos relacionados ao tema.

“A pesquisa confirma que há um amplo reconhecimento do valor agregado pelas organizações da sociedade civil. Isso facilita o desenvolvimento desse setor tão importante para a democracia brasileira”, destaca Cassio França, secretário-geral do GIFE.

A PESQUISA — Realizada em duas etapas pelo IPEC [Inteligência em Pesquisa e Consultoria] e coordenada pela consultoria Conhecimento Social, a pesquisa analisou com que frequência [“sempre / às vezes / nunca”] o entrevistado participa de organizações sociais, realiza ações de voluntariado, procura se manter informado sobre movimentos sociais e conversa com outras pessoas sobre projetos sociais que visam o bem coletivo. O estudo foi organizado em subgrupos sociodemográficos [sexo, idade, escolaridade, renda, raça/cor] e territoriais [região, porte e localização de município].

O levantamento também revelou que chega a 46% a proporção de entrevistados que consideram que organizações do terceiro setor assumem trabalhos que deveriam ser de responsabilidade do governo. Mostrou, ainda, que as fontes de recursos das organizações, a relação delas com o Estado, o foco das atividades e o formato de atuação não estão claros para a grande maioria da população. Por consequência, limitam o potencial de participação e o engajamento social.

Na avaliação do GIFE, tais dados deixam claro que, considerando a relevância da atuação do setor no país, faz-se necessário um esforço coletivo de disseminação de informações sobre a atuação das organizações de forma mais coordenada e clara.

“Os resultados sinalizam o reconhecimento da prática do terceiro setor, mas também fica evidente que é necessário aperfeiçoar a forma como esse setor se comunica com a população. Relações ainda mais transparentes explicitando as fontes de recursos e as responsabilidades nas parcerias com o setor público são temas que devem permanecer na agenda do terceiro setor”, defende Cassio França.

Termo “ONG” é mais conhecido pela população brasileira: 65% “já ouviram falar” em Organização Não-Governamental

Outro importante achado da pesquisa é a constatação de baixa familiaridade dos entrevistados com os diferentes tipos de organizações da sociedade civil, suas especificidades e terminologias. “ONG” é o termo mais frequentemente reconhecido. Outras terminologias — como Organizações da Sociedade Civil [nomenclatura oficial], Institutos e Fundações ou Instituições Filantrópicas — são menos conhecidas e, consequentemente, compreendidas com menor clareza.

No entendimento do GIFE, as várias nomenclaturas para referir-se às organizações da sociedade civil acabam sendo um outro potencial fator que dificulta a compreensão sobre quem são e o que fazem essas organizações.

ESPECIFICIDADES — De acordo com o levantamento, há uma forte associação do nível de escolaridade e da renda com o “interesse” para iniciativas no campo social. O público mais vulnerável [baixa escolaridade e renda familiar] — especialmente jovens e mulheres — mostra níveis de desconhecimento maiores sobre o assunto, ainda que na maioria dos casos sejam estes os principais públicos para os quais essas organizações trabalham.

“O interesse pela temática é mais alto entre pessoas mais escolarizadas, com mais idade e maior nível de renda, como também entre residentes das regiões Sudeste e Sul”, explica a pesquisadora Ana Lúcia Lima, responsável pela análise dos dados da pesquisa. “Entre as áreas apontadas como prioritárias para atuação do terceiro setor, ‘combate à fome’, ‘saúde’ e ‘educação’ se sobressaem”, completa Ana Lima.

“ONGs” — O termo “ONG” é o mais conhecido pela população brasileira: 65% dos participantes da pesquisa “já ouviram falar” em Organização Não-Governamental. Quando perguntados sobre disponibilidade para apoiar ações de diferentes tipos de organização [“De modo geral, pensando em uma escala de 0 a 10, sendo que 0 significa ‘nada’ e 10 significa ‘muito’, o quanto você apoiaria ações?”], a maioria (50%) dos entrevistados respondeu que daria apoio a ONGs. A minoria (3%) apoiaria partidos políticos.

BOX:

Organizações da Sociedade Civil são instituições sem fins lucrativos, que ou captam recursos financeiros e humanos para desenvolver projetos sociais, ambientais, culturais ou científicos de interesse público ou realizam doações para projetos ou outras organizações. Elas trabalham para buscar soluções que respondam aos nossos principais desafios coletivos, contribuindo para uma sociedade menos desigual, sustentável, democrática e mais solidária.

Tais instituições são principalmente conhecidas ou autodenominadas: Organização Não-Governamentais (ONG), Organização da Sociedade Civil (OSC), Organização Social (OS), Organização da Sociedade Civil de Interesse Público (Oscip), Fundações e Instituições Filantrópicas

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