Instituições financeiras compensaram a retração dos financiamentos privados durante a crise, revela comunicado.
Os bancos públicos federais tiveram atuação anticíclica durante a crise financeira mundial e permitiram que o crédito continuasse crescendo de forma acelerada no Brasil. Desde 2008, as intuições financeiras privadas reduziram o ritmo de aumento dos financiamentos (a taxa era de quase 25% e ficou abaixo de 10% em 2010). Ao mesmo tempo, os créditos concedidos por bancos estatais chegaram a subir acima de 30% em 2009, reduzindo os efeitos da crise mundial sobre o consumo e a produção no país.
Esses dados estão no comunicado do Ipea nº 105 “Banco do Brasil, BNDES e Caixa Econômica Federal: a atuação dos bancos públicos federais no período 2003-2010”, divulgado no início do mês. O estudo analisa o comportamento da concessão de crédito dos bancos federais para os setores industrial, agrícola e de habitação, além da atuação das instituições durante a crise.
“O Brasil vive, desde 2004, um ciclo inédito de aumento ininterrupto do crédito. Até 2007, os privados puxavam os financiamentos. Em 2008, a curva se inverteu, o crédito dos bancos privados desacelerou fortemente e o crescimento foi sustentado pela atuação anticíclica das instituições públicas”, explicou Victor Leonardo de Araujo, técnico de planejamento e pesquisa do Ipea.
O estudo revela ainda que, além de auxiliarem o governo em momentos de crise, os bancos públicos federais continuam tendo relevância nas políticas públicas de desenvolvimento econômico. Houve aumento da participação privada na concessão de crédito rural, provocada principalmente pela elevação dos preços das commodities, mas 55% do volume total continua concentrado em instituições estatais.
“Além de ter maior parcela dos financiamentos, os bancos públicos atuam em segmentos que estão fora de setores mais capitalizados do agronegócio, como a agricultura familiar”, argumentou Victor de Araujo.
De acordo com o comunicado, 75% dos financiamentos na habitação são concedidos pelo setor financeiro público. Desde a crise de 2008, os empréstimos para a compra da casa própria crescem cerca de 40% ao ano, impulsionados pelo programa Minha Casa, Minha Vida, do governo federal.
“Independentemente do componente social do Minha Casa, Minha Vida, o programa foi uma das medidas de contenção da crise e se mostrou eficiente. Em 2009, os empréstimos habitacionais cresceram 55%, o que estimulou fortemente a produção nacional, argumentou o pesquisador do Ipea.
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* Publicado originalmente no site do Ipea – Instituto de Pesquisas Econômicas Aplicadas.