Sete em cada dez pessoas sofrem ou sofrerão de um dos “males do século”. A cefaleia tensional, ou dor de cabeça associada a estresse, tensão, fadiga ou movimentação e postura inadequadas. Apesar do nome, a causa ainda não está totalmente clara. Frequentemente, é associada à contração dos músculos da cabeça e do pescoço, em indivíduos submetidos a situações de estresse, ou de trabalho prolongado em escritório, principalmente ligado a um computador. Dormir em posição não habitual, como cochilar assistindo a um programa na tevê, também pode deflagrar uma crise de cefaleia. Como dores de cabeça são muito frequentes na população, o diagnóstico correto, e a diferenciação de outras causas mais sérias de cefaleia, pode ser crucial.
O médico deve se esforçar para descartar, por exemplo, a possibilidade de enxaqueca, importante no manejo desses pacientes. A maioria dos casos de cefaleia tensional aparece, em homens ou mulheres, em idade variando entre 20 e 50 anos. Raramente após essa faixa etária. Esse tipo de dor de cabeça pode se apresentar de forma esporádica, de vez em quando, quando as crises não afetam o indivíduo mais de 15 dias por mês.
Cefaleias mais frequentes são caracterizadas como crônicas. Alguns aspectos ajudam a desconfiar de cefaleia tensional. O doutor R. M. Pluta descreveu, na prestigiosa revista Jama, sintomas que apontam nessa direção. Para se fazer o diagnóstico, ou a suspeita forte, bastariam dois ou mais dos seguintes sintomas:
1.Dor de cabeça em pressão, não do tipo pulsátil.
2.Presente dos dois lados da fronte, na região temporal ou na nuca
3.Intensidade geralmente leve a moderada.
4.Não piora com atividade física.
A duração da cefaleia pode variar muito, entre meia hora ou uma semana. A diferença mais importante que a separa de um quadro típico de enxaqueca inclui a ausência de náuseas ou vômitos acompanhando o quadro de dor. Por outro lado, fenômenos visuais, muito comuns na enxaqueca, podem estar presentes em pessoas que sofrem de cefaleia tensional.
Desconforto com a luz, conhecida como fotofobia, ou com ruídos, a fonofobia, ocorrem em parcela importante dos doentes. Especialistas alertam, no entanto, que o diagnóstico não é tão simples, e recomendam que pessoas com piora progressiva da intensidade da dor de cabeça, principalmente se associada com febre, procurem seu médico ou um pronto–socorro. Pode não ser uma cefaleia tensional comum. O médico, geralmente um clínico ou um neurologista, deve excluir outras causas graves de cefaleia.
O tratamento da cefaleia tensional é simples, e inclui corrigir ou evitar, sempre que possível, as causas que deflagram a crise, como estresse, fadiga e má postura. Ao mesmo tempo, analgésicos e anti-inflamatórios rotineiros podem trazer alívio ao paciente.
A maioria dos especialistas recomenda também atividades de relaxamento, como yoga, alongamento muscular, meditação e melhora da postura. Mas também deixam recados cautelosos com os medicamentos. Em estudo publicado recentemente na revista Neurological Sciences, pesquisadores observaram que 13% dos pacientes portadores de cefaleia tensional abusaram das medicações, e apresentaram sinais de efeitos colaterais. Sempre que possível, recomendam avaliação e orientação médica para evitar complicações associadas aos analgésicos.
* Publicado originalmente no site da revista Carta Capital.