Por Reinaldo Canto, especial para a Envolverde* –
O barco singra os mares do mundo desde 2017 anunciando as possibilidades de gerar e consumir energia com impactos reduzidos
O projeto do Energy Observer (www.energy-observer.org) que é um navio de origem francesa começou a ser desenvolvido em 2013, mas depois de investimentos superiores a 6 milhões de euros (aproximadamente 32 milhões de reais) ele começou a navegar pelos mares do mundo em 2017 para anunciar os inúmeros potenciais do hidrogênio verde (H2V) que já é chamado de o “combustível do futuro”, em função do seu poder energético e zero emissão dos gases de efeito estufa. Mas esse futuro ainda irá depender de investimentos e novas tecnologias que transformem o hidrogênio num combustível viável e mais barato.
Importante é destacar que o Energy Observer já está há 6 anos anunciando a boa nova do hidrogênio e passou pelos oceanos Atlântico, Pacífico, Índico e chegou pela primeira vez ao Brasil em 15 de novembro e permanecerá por duas semanas divulgando seu trabalho e contribuindo para a conscientização ambiental e o urgente combate à emergência climática.
O navio é um colosso de tecnologias embarcadas para tornar sua navegação a mais limpa e menos impactante possível. Entre elas estão painéis solares que se espalham por todo o barco (cerca de 200 m²); velas oceanwings que de velas de pano tradicionais não tem nada em comum, a não ser para dar velocidade a embarcação e ainda produzir energia que contribui inclusive para a produção do hidrogênio; eletrolisador que utiliza a própria água do mar para produzir hidrogênio a partir da decomposição das moléculas da água. Essa composição entre energias eólica, solar e hídrica abastecem os oito tanques de hidrogênio que ficam armazenados e correspondem por volta de 230 litros de combustível. Tudo isso significa que o barco pode ficar por longos períodos navegando sem necessidade de qualquer abastecimento externo e apenas emitindo inofensivos vapores de água.
Para Capitão do Energy Observer, Victorien Erussard, um dos idealizadores da embarcação, desde 2017 as tecnologias já evoluiram e, segundo ele, os objetivos são bastante ambiciosos: “já estamos na segunda geração de células de combustível e queremos chegar a terceira geração para movimentar um navio cargueiro”. Vale ressaltar que essa será uma boa medida, pois os navios que transportam mercadorias por todo o mundo são responsáveis por 3% das emissões de gases causadores do aquecimento global.
Ainda teremos que esperar um tempo para que o hidrogênio verde realmente se torne uma opção energética viável, mas iniciativas como o do Energy Observer é muitíssimo bem vinda e merece ser replicada.
Daqui do Brasil o navio irá para a Guiana Francesa e depois Estados Unidos. Para 2024 o objetivo é aportar durante a realização dos Jogos Olímpicos em Paris, mas isso ainda está sendo negociado. Depois ele irá tirar uma merecida aposentadoria para se tornar um museu…bem, um museu de grandes novidades, melhor dizendo.
*O jornalista viajou a convite da Accor Hotéis apoiadora do projeto Energy Observer
(Envolverde)