A iniciativa foi apresentada ao Ministério da Fazenda, em Dubai, durante a COP28
Organizações da sociedade civil brasileira anunciaram neste domingo (3) a realização do Fórum de Finanças Climáticas, evento paralelo à reunião de ministros de Finanças do G20 que ocorrerá em fevereiro de 2024, em São Paulo. O objetivo do encontro é consolidar a ponte entre crescimento econômico e uma transição ecológica justa e inclusiva. A iniciativa foi apresentada ao Ministério da Fazenda em encontro realizado durante a 28ª conferência do clima das Organizações das Nações Unidas (COP28), em Dubai, Emirados Árabes, que demonstrou seu apoio à execução do encontro.
O fórum será o primeiro passo de uma série de iniciativas a serem desenvolvidas conjuntamente pelo Instituto Arapyaú, Instituto AYA, Instituto Clima e Sociedade (iCS), Instituto Igarapé, Instituto Itaúsa, Open Society Foundations e Uma Concertação pela Amazônia ao longo da agenda do G20, que desde 1º de dezembro está sob liderança do Brasil. As ações vão começar em fevereiro do ano que vem, seguindo até a COP30, que ocorrerá entre novembro e dezembro de 2025, em Belém (Pará). O circuito tem o objetivo de fomentar o debate sobre financiamento climático internacional, a reindustrialização verde e transição energética e sobre como assegurar a participação de líderes brasileiros do governo, do setor privado e da sociedade civil em espaços internacionais de debate e decisão, entre outras metas.
Primeira das atividades, o Fórum de Finanças Climáticas irá reunir integrantes do setor privado nacional e internacional, de coalizões empresariais que impulsionam a transformação ecológica, da sociedade civil e da filantropia, de organismos multilaterais de financiamento e econômicos para reuniões de trabalho, debates e sessões para discutir e contribuir para a mobilização de recursos para uma agenda climática de transformação econômica sustentável e justa.
“Nossa meta é criar uma compreensão mais ampla sobre os principais desafios para alavancar a disponibilidade de investimento e financiamento climáticos globais, incentivando a construção de um plano efetivo de ações com marcos até a COP30. Isso, em diálogo com o Plano de Transformação Ecológica do Ministério da Fazenda e outras frentes governamentais, que busquem a ampliação da complexidade da matriz econômica do Brasil, a competitividade dos setores produtivos frente aos mercados globais, com foco em um crescimento sustentável e inclusivo”, afirma Patricia Ellen, ex-Secretária de Desenvolvimento Econômico do Estado de SP, co-fundadora do Instituto AYA e Presidente da Systemiq LATAM.
Nas sessões, estão previstas discussões para a construção de propostas inovadoras para destravar a agenda de investimentos e financiamento climáticos; o impacto dos pacotes econômicos sustentáveis globais (como o IRA e o Green New Deal europeu) na competitividade e no custo para setores econômicos brasileiros na transição para uma economia de baixo carbono e as ações intersetoriais para lidar com estes desafios; como acelerar a descarbonização industrial global e apresentar o potencial das Soluções Baseadas na Natureza e de desenvolvimento de projetos de bioeconomia; para alertar sobre a urgência de ações de adaptação climática, entre outros temas.
“Esse é o momento de transformar desafios em catalisadores de mudança e determinar o curso do nosso futuro coletivo e o Brasil ocupa uma posição especialmente importante e privilegiada nesse caminho. O país terá que decidir o que quer: ser um país de vanguarda que concluiu uma transição integral e coerente, que desponta na produção e exportação de produtos verdes de alto valor agregado, ou a última grande economia ‘suja’, que fornece insumos para a pequena demanda remanescente da velha economia às custas dos seus recursos naturais e biodiversidade”, pontua Ilona Szabó, cofundadora e presidente do Instituto Igarapé.
“É urgente criar pontes entre o desenvolvimento com crescimento econômico associado a uma perspectiva sustentável e inclusiva da agenda climática. A liderança do Brasil no G20 e a realização da COP no país trazem uma oportunidade única de apresentar o Brasil como líder global na transição para uma economia justa e de baixo carbono e no enfrentamento às mudanças climáticas, impulsionando de fato essas agendas no país”, afirma Lívia Pagotto, secretária executiva da Uma Concertação pela Amazônia.
“A alocação de mais recursos para mitigação e adaptação dos efeitos das mudanças climáticas ainda é o principal desafio para cumprimento das metas climáticas do Acordo de Paris. O Brasil, nesse contexto, tem a oportunidade única de pautar o financiamento climático como agenda prioritária das discussões do G20, enquanto presidir esse grupo em 2024”, afirma Maria Netto, diretora executiva do Instituto Clima e Sociedade. E acrescenta: “Em paralelo às reuniões oficiais, a sociedade civil deve desempenhar papel de destaque para aproximar as discussões ministeriais da sociedade e estimular a adoção de compromissos políticos mais ambiciosos na agenda climática, assegurando também atenção especial aos mais vulneráveis e à redução de desigualdades. O Fórum de Finanças Climáticas, nesse quesito, será o ponto de encontro da agenda oficial com a agenda da sociedade civil, com uma coleta de ideias inovadoras para a elaboração e apresentação de um documento de recomendações aos líderes do G20.”
Do encontro, sairá a criação, no Brasil, de um ecossistema internacional de ações e projetos climáticos, cujo início se estabelece em paralelo à agenda oficial do G20, com desenvolvimento em direção à COP30, criando redes e iniciativas que extrapolam essa agenda de eventos internacionais.
“Estamos vivendo uma trilha de eventos e marcos políticos importantes, nos quais o Brasil tem sinalizando sua posição no mundo, com capacidade de liderar pelo exemplo. Temos demonstrado disposição para atuar numa agenda de implementação, podendo se beneficiar de uma mobilização em escala global para reunir fundos públicos, privados e filantrópicos para apoiar o financiamento e a implementação do Plano de Transformação Ecológica. Essa convocação internacional é essencial para tornar o plano uma realidade”, aponta Renata Piazzon, diretora-geral do Instituto Arapyaú.
“A estruturação das atividades e a criação desse ecossistema internacional vai fortalecer espaços de participação democrática, valorizando também o papel da sociedade civil no cenário climático e estimulando ações mais ambiciosas para cumprimentos dos compromissos climáticos internacionais”, destaca Iago Hairon, oficial de programa de Justiça Climática da Open Society Foundations.
“A economia global é 100% dependente da natureza. Não podemos seguir utilizando recursos naturais como se fossem ilimitados e gratuitos. As atividades do Fórum de Finanças Climáticas promoverão ações com impacto positivo para o clima, a biodiversidade e as pessoas”, disse Marcelo Furtado, diretor executivo do Instituto Itausa.
Sobre Instituto Arapyaú
Instituição filantrópica brasileira que promove o desenvolvimento baseado na valorização das dimensões natural, social e econômica. Mobiliza sociedade civil, filantropia, academia, setor público e privado para fomentar redes transformadoras capazes de criar soluções sistêmicas e escaláveis, que respondam a desafios como as mudanças climáticas e a perda da biodiversidade. Atualmente concentra sua atuação na Amazônia Legal e no sul da Bahia, dois territórios com reconhecido capital natural. Acesse aqui.
Sobre Instituto AYA
O Instituto AYA surge como uma organização comprometida com a soberania dos biomas brasileiros, promovendo a integração dos saberes ancestrais na formulação de políticas públicas e na defesa do desenvolvimento econômico sustentável em escala internacional. O Instituto busca não apenas fortalecer a identidade ambiental do Brasil, mas também posicionar o país como uma referência mundial em economia regenerativa, respeito e proteção aos povos originários. Neste contexto, o Instituto AYA apoia e realiza o gerenciamento de projetos de caráter público-social, articulando os setores público, privado e a sociedade civil. Acesse aqui.
Sobre Instituto Clima e Sociedade
O Instituto Clima e Sociedade (iCS) é uma organização filantrópica que apoia projetos e instituições que visam o fortalecimento da economia brasileira e do posicionamento geopolítico do país, além da redução da desigualdade por meio do enfrentamento das mudanças climáticas e soluções sustentáveis. Para saber mais acesse aqui.
Sobre Instituto Igarapé
O Instituto Igarapé é um think and do tank independente que desenvolve pesquisas, soluções e parcerias para impactar políticas e práticas públicas e corporativas para a superação dos principais desafios globais nas áreas de segurança pública, digital e climática. O Igarapé trabalha com governos, setor privado e sociedade civil no desenho e desenvolvimento de pesquisas, tecnologias e soluções baseadas em dados, no aprimoramento de políticas públicas, e na comunicação multimídia eficaz. O Instituto está empenhado em projetar e implantar parcerias e inovações que forneçam soluções em escala. Saiba mais em Igarapé.org
Sobre o Instituto Itaúsa
O Instituto Itaúsa faz parte da estratégia de sustentabilidade e visão de ESG da holding, com um objetivo de acelerar a transformação econômica do país em direção a uma economia produtiva e positiva para o clima, para a natureza e para as pessoas. Criado em 2023, o Instituto trabalha em duas frentes estratégicas: a conservação do meio ambiente e a produtividade & sustentabilidade. Para tanto, apoia organizações com iniciativas capazes de ser escaladas ou que atuem na fronteira do conhecimento, através de investimento direto ou coinvestimentos com parceiros filantrópicos. Para saber mais, acesse aqui
Sobre Open Society Foundations
Fundada por George Soros, a Open Society Foundations é a maior financiadora privada do mundo de grupos independentes que trabalham pela justiça, pela governança democrática e pelos direitos humanos. Abordamos essa missão por meio dos princípios esclarecedores de justiça, igualdade e expressão, que são características inerentes de qualquer sociedade verdadeiramente aberta.
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Sobre Uma Concertação pela Amazônia
É uma rede de mais de 700 lideranças formada na perspectiva de qualificar o debate em torno de soluções à conservação e desenvolvimento sustentável das Amazônias, com impacto na agenda socioeconômica do país e no bem-estar planetário. É também um espaço democrático e plural em que centenas de pessoas e iniciativas se encontram com o intuito de desfragmentar o debate e as ações para o território. Acesse aqui
Imagem de destaque: Representantes das sete organizações da sociedade civil que lideram a iniciativa do Fórum de Finanças Climáticas se encontram com o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, na COP28, em Dubai. Crédito: Divulgação
(Envolverde)