Com o advento de novos medicamentos que permitiram individualizar o tratamento, disponibilidade de aparelhos portáteis para dosagem de glicemia – os glicosímetros –, maior acesso à medicação, principalmente para pacientes carentes, e acesso a informações, tem-se observado uma redução das complicações agudas do diabetes.
Em contrapartida, esses avanços, que permitem um tempo de vida mais longo, associados a uma piora do estilo de vida, com aumento de sedentarismo e prevalência de obesidade, têm aumentado o risco das complicações crônicas da doença.
De uma maneira geral, as complicações crônicas podem ser enquadradas em dois grandes grupos: o primeiro decorre do comprometimento dos grandes vasos, que tem como principais consequências o infarto, derrame cerebral e gangrena dos membros inferiores, e no segundo são afetados os pequenos vasos, cujas consequências são o comprometimento do rim (nefropatia), da visão (retinopatia) e dos nervos (neuropatia). Existem outros fatores, como o tabagismo e níveis de colesterol e pressão arterial elevados, que aumentam as chances de complicações.
A prevenção é o melhor tratamento para as complicações crônicas do diabetes. Uma visita periódica ao médico permite não só avaliar se o controle da glicemia está adequado, mas também identificar e combater fatores de risco, o que pode ser feito com o auxílio de poucos exames laboratoriais. Como medidas rotineiras recomenda-se:
• Manter o peso adequado;
• Controlar a pressão arterial, tendo como objetivo pressão entre 120/80 mmHg;
• Evitar o tabagismo;
• Praticar regularmente atividade física;
• Controlar o nível de colesterol, tendo como meta uma concentração de colesterol LDL inferior a 100 mg/dL. Em geral, para atingir esta meta é necessário o uso de medicamento redutor de colesterol (estatinas);
• Manter as médias de glicemia (hemoglobina glicada) abaixo de 7%;
• Fazer outros exames de avaliação precoce como os oftalmológicos, tais como dosagem de microalbuminúria e de fundo de olho.
Considerando que as complicações crônicas do diabetes são assintomáticas em seus estágios iniciais, o médico pode solicitar exames adicionais, de acordo com o tipo de diabetes e tempo de duração da doença. Hábitos de vida saudáveis são essenciais para todos, especialmente para pacientes com diabetes.
* José Antonio Miguel Marcondes é médico do Centro de Diabetes do Hospital Sírio Libanês
** Publicado origianlmente no site O que eu tenho.