A sociedade que se aproxima é a sociedade do conhecimento. Se quisermos minimamente ser uma nação desenvolvida, a educação é uma das peças fundamentais para isso.
Neste sentido, devemos pensar algumas questões: o salário e a capacitação de professores devem ser dignos de sua profissão, não é possível ter ensino de qualidade se os professores estão pensando em como terminarão o mês, em como vão alimentar seus entes, em como aumentarão a sua renda, e, atrelado a isso, é mais do que importante capacitá-lo no que diz respeito à didática e, fundamentalmente, sobre a realidade social que vivem eles e os alunos.
Um segundo ponto de discussão é: de que tipo de educação estamos falando, ou seja, vamos formar seres humanos ou robôs? Vamos querer construir uma nova sociedade? Novas éticas? Portanto, precisamos reformular completamente os currículos escolares com participação de professores, diretores, pais, alunos, etc. Esta discussão tem que ser ampla geral e irrestrita.
Terceiro: é preciso entender que educação, em qualquer lugar deste planeta, é um investimento caro, mas que sempre irá em busca da emancipação dos indivíduos, para tanto, precisa-se inverter os gastos governamentais, não podemos nos considerar em desenvolvimento a partir do momento em que o gasto com os juros da dívida pública é três vezes maior do que com saúde e educação.
Por fim, é importante esclarecer: a educação é essencial ao indivíduo, mas não será ela que fará com que a renda aumente, mas sim, o processo de desenvolvimento econômico. Um exemplo disso é a situação econômica europeia atual, jovens europeus estão sendo formados em renomadas faculdades e universidades, entretanto, não conseguem emprego. Lá, 40% dos jovens que saem da graduação não conseguem emprego, a sociedade que está se desenhado é de certa maneira instruída, porém, mais pobre que a geração anterior e com empregos precários.
* Paulo Daniel é economista, mestre em economia política pela PUC-SP, professor de economia e editor do blog Além de Economia.
** Publicado originalmente no site da revista Carta Capital.