EIMA 8: Economia de baixo carbono: estamos contra o relógio

Ao dar início à sessão de trabalho Economia de Baixo Carbono, Daniel Chaim, ministro de Desenvolvimento Urbano de Buenos Aires, explicou que “crescimento econômico não significa desenvolvimento humano. O aumento do PIB pode estar associado à má qualidade de vida”. Uma visão mais ampla acerca das riquezas humanas foi o fio condutor para o debate.

Defendendo o intercâmbio de experiências, Chaim dividiu com o público o programa Prioridade ao Pedestre: “o centro de Buenos Aires concentra recursos municipais devido à distribuição da cidade. Reduzimos a hegemonia do transporte automotor, favorecendo pedestres e bicicletas. Assim, unimos sustentabilidade ambiental, social e econômica descongestionando vias, gerando conforto acústico, diminuição de carbono e da temperatura, que caiu em 10% no verão. Além disso, o projeto impulsionou as atividades turísticas, o entretenimento local, além de ter gerado apreciação relativa do valor dos imóveis. O impacto positivo foi 12 vezes maior do que o seu custo, em menos de um ano”.

Em seguida, um filme projetado pela dupla Koldobike Uriarte, diretora de coordenação da Presidência do Governo Basco, e Fernando Elorrieta, diretor da Ihobe, sociedade de gestão e proteção ambiental, mostrou aos presentes alguns flashes da realidade basca, em termos de desenvolvimento sustentável e saídas para a superação dos problemas diagnosticados dentro da economia verde. “A mobilização de recursos endógenos podem garantir a mudança. Em vez de esperar ajudas internacionais, é mais eficiente resolver o problema internamente. A mobilização de recursos demonstrou que se pode fazer as coisas de outras formas”, colocou Uriarte.

Oferecendo uma visão empresarial de longo prazo, Valentin Alfaya, diretor de Qualidade e Meio Ambiente da empresa Ferrovial, comentou sobre o futuro da economia verde. “É preciso estudar detalhadamente quais serão as tendências regulatórias, valorizando-as em termos econômicos. Mas a parte mais divertida no assunto é descobrir quais são as áreas de maior retorno para os investimentos”, garantiu Alfaya. “Em plena crise, os investimentos em energias verdes foram superiores do que os investimentos em energia tradicional fóssil, pela primeira vez. Business as usual não é mais uma opção”, ele concluiu.

João Furtado, do Instituto Jatobás do Brasil, acrescentou que “é fundamental concentrar projetos nos municípios, trabalhar junto à população. Em nossas atividades, conseguimos convencer alguns produtores rurais de que podem ganhar mais mantendo suas nascentes. Eles tomaram consciência de que é na sua propriedade que começa o abastecimento do vizinho. Esta consciência do ativo ambiental começa com projetos pedagógicos”.

Explicando um pouco o Carbon Disclosure Project, Victor Viñuales, também representante da Fundação Ecodes, observou: “temos o desafio da transição para a economia baixa em carbono e estamos contra o relógio. A questão é como fazê-la. A revolução mental precede a real, se não mudarmos isto, não mudaremos as coisas. Estamos depreciando um tremendo potencial que não se vê”. Viñuales acredita que a transformação passará da visão de propriedade para a do compartilhamento. “As coisas estão mudando. A Wikipedia é um exemplo, enciclopédias que tentaram segurar, como a Brittanica e a Larousse, estão perdendo a batalha. O acesso é mais importante do que a propriedade”, considerou.

Representando a empresa Ampla, Orestes Castaneda Pacheco comentou “que entre os sérios desafios da economia de baixo carbono estará o preço da energia elétrica”. Muito positivo, Castaneda anunciou um projeto da Ampla para o Estado do Rio de Janeiro, “o projeto Búzios Cidade Inteligente, lançado em julho, no Palácio da Guanabara. Em dezembro, será inaugurado um showroom na cidade, demonstrando aspectos da smartcity que colocaremos em prática. Apagões de energia não acontecerão mais. Não será nada de novidade, mas considerando todos os smartgrids integraremos recursos para a descarbonização de Búzios”. Logo, turistas brasileiros e internacionais poderão desfrutar desse modelo de transformação para a economia de baixo carbono.