Um mundo de 7 bilhões de pessoas. E ainda em ebulição

Criança nascida nas Filipinas é apontada como o habitante de número 7 bilhões no planeta. Foto:Bullit Marquez, AP

Quando chegou ao mundo nesta segunda-feira 31, Dia das Bruxas em alguns países do Ocidente, o bebê que lançou a humanidade à marca de 7 bilhões de habitantes encontrou um Planeta em ebulição. Nada muito diferente do que aconteceu quando o mundo tinha exato um bilhão de habitantes a menos, num já distante 12 de outubro de 1999 – Dia das Crianças no Brasil.

O garoto símbolo da marca foi o bósnio Adnan Nevic, um dos 80 milhões de bebês que nasceram naquele ano – e o único que nasceu praticamente no colo no então diretor-geral da ONU, Kofi Annan. O local do nascimento, Sarajevo, não poderia ser mais simbólico. A cidade tentava se reerguer depois de quatro anos de guerra contra os sérvios da antiga Iugoslávia.

Os otimistas dirão que Nevic teve sorte: apesar da instabilidade, a região dos Balcãs está pacificada, e Radovan Karadzic, o ex-presidente sérvio-bósnio conhecido como “carniceiro de Sarajevo” – que durante anos foi um dos maiores criminosos de guerra de seu país – hoje está preso.

Dirão ainda que doze anos foram suficientes para a consolidação da internet como o grande meio de comunicação da atualidade, junto com suas mensagens instantâneas, redes sociais, mobilizações online e amores virtuais. E que a marca foi atingida no ano marcado pela Primavera Árabe e os protestos por mudanças em praças tomadas por manifestantes sedentos por mais justiça, igualdade e liberdade.

Os pessimistas, por sua vez, vão dizer que era melhor não ter nascido. Dirão que, doze anos e um bilhão de habitantes depois, a sensação de insegurança só se ampliou, graças aos atentados de 11 de Setembro de 2011, as guerras ao Terror patrocinadas pelos americanos (e a consequente paranoia sobre o outro, o estrangeiro) e uma crise financeira internacional que derreteu a economia nos países ricos. O cidadão de número 7 bilhões nascerá, portanto, num país em crise.

Fato é que este 31 de outubro, dia em que a população mundial atinge 7 bilhões de pessoas, já está sendo celebrado em várias cidades do mundo. Os nascimentos de bebês em diferentes localidades simbolizam o marco histórico.

Nas Filipinas, a data já foi comemorada, tendo como símbolo o nascimento de Danica Maio Camacho. Ela nasceu no domingo 30, dois minutos antes da meia-noite – terá o nascimento comemorado como se fosse no dia 31.

Atualmente, a expectativa média de vida é 68 anos, nos anos 1950 era 48 anos. A ONU estima que até a metade deste século o número vai triplicar. Para a ONU, é fundamental que os governos invistam mais em planejamento para geração de alimentos, acesso a água e energia e maior produção de lixo e poluição.

Com uma população de 13 milhões de pessoas, na Zâmbia, no Sul da África, o desafio do governo é o altíssimo número de nascimentos. A estimativa é que esse número triplique até 2050 e chegue a 100 milhões até o fim do século, fazendo com que o país tenha uma das populações que mais crescem no planeta.

O país mais populoso do Planeta, no entanto, ainda é a China, apesar das políticas para controle populacional. O país atingiu, neste ano, a marca de 1,34 bilhão de habitantes – o que significa que, a cada sete pessoas que anda no mundo, um é chinês.

* Matheus Pichonelli é formado em jornalismo e ciências sociais, é subeditor do site e repórter da revista CartaCapital desde maio de 2011. Escreve sobre política nacional, cinema e sociedade. Foi repórter do jornal Folha de S.Paulo e do portal iG. Em 2005, publicou o livro de contos ‘Diáspora’.

** Publicado originalmente no site da revista Carta Capital.