O IV Congresso Brasileiro de Jornalismo Ambiental começou na quinta-feira (17/11) com uma intensa programação. Oficinas, palestras, rodas de conversa, enfim muito papo. E alguns mostrando a necessidade urgente de se agir. Números, gráficos, tabelas sacudiram, cutucaram e deram empurrões nos preocupados com o futuro do planeta. No nosso abundante país, liderado pela desigualdade social, Rio+20 é nome ainda desconhecido. Os dados apavoram, mas serão utilizados pelos colegas para divulgar a emergência do estado do mundo ou servirão apenas para “chover no molhado”?
Precisamos falar, tocar, sensibilizar, penetrar outras tribos, outros públicos, inclusive de jornalistas, publicitários, formadores de opinião entre outros profissionais da comunicação. Talvez para isso seria mais adequado usar outras “iscas”. Apesar do quilate dos palestrantes, especialmente de economistas que abriram os olhos para a amplitude dos ciclos muitos mais determinantes do que os preconizados pelos pais da Economia, a abertura estava sob o mesmo tom de qualquer roda de ambientalistas inconformados.
Por tudo isso, me pergunto, que estratégia deveria ser usada para se convencer colegas de que a coisa tá ficando cada vez pior (pra não dizer ficando preta, senão poderia ser acusada de racista). A situação está alarmante, pois tem tudo a ver com a falta de mobilização da sociedade civil, com o desmantelamento da legislação ambiental, da falta do poder de ação dos órgãos de meio ambiente, o que tem tudo a ver com a falta do empoderamento do pobre e famigerado Sistema Nacional do Meio Ambiente (Sisnama) e da desvalorização dos pareceres técnicos emitidos com seriedade sobre o impacto de tantas interferências, como mega obras, introdução de espécies exóticas etc. Em suma: há pautas importantíssimas estourando por todos os lados e parece que ninguém vê.
E mesmo no olho do furacão, não se pode perder a esperança. Pois isso é que motiva a vivacidade do espírito jornalístico, de querer contar, mostrar os caminhos para a construção de conclusões. Eis que o Andre Trigueiro, mestre de cerimônias da abertura, provocou a plateia. Contou que recentemente ficou seis dias em cima de uma pauta sobre vazamento de óleo no campo de Frade, na Bacia de Campos, no norte do Estado do Rio, mas não obteve informações. Falta transparência, alerta. E reforça: jornalista bom é aquele que incomoda. Então indago: será que não há interessados em saber por que o jornalismo não está mais provocativo, com reportagens investigativas e uma cobertura comprometida com o bem comum, com o futuro de todos? O mundo está nas mãos dos conformados. E os inconformados, onde estão?
* Publicado originalmente no site do IV Congresso de Jornalismo Ambiental.