A cultura afro está, cada vez mais, presente no visual, nas preferências musicais, nos estudos e na religião dos jovens brasileiros. Os dados do Censo 2010, divulgados recentemente pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), demonstram que 18,5 milhões dos 34 milhões de jovens na faixa de 15 a 24 anos, se auto-declararam pretos e pardos. Dentre os adultos, 54 milhões dos 107 milhões se disseram pretos ou pardos.
De acordo com o sociólogo e professor do Decanato de Extensão Universitária da Universidade de Brasília (UnB), Ivair Augusto Alves dos Santos, o movimento de resgate cultural negro começou na década de 1950. “Em 1970, a mudança foi física, ou seja, na aparência, com o movimento Black Power. Na década de 2000, a mudança é política e envolve o debate de ações afirmativas.”
Santos atribuiu esse movimento impulsionado pela juventude às transformações tecnológicas, uma vez que os jovens negros de hoje têm mais possibilidades. “Se compararmos as possibilidades, vemos que são maiores. Você tem grupos de música que conseguem atingir grandes massas, tem mais informações também.”
A cabeleireira Rosemeire de Oliveira, de 32 anos, aponta uma mudança de mentalidade no país, e lembra que, antigamente, ninguém falava sobre “o que é ser negro”. Ela trabalha em um salão afro de Brasília há 12 anos. A maioria dos clientes, segundo ela, são os jovens. “Teve uma época que ser negro era moda. Agora, os negros realmente estão se assumindo e aprendendo a se gostar mais.”
A trança de raiz é o penteado mais popular no salão de Rosemeire. Embora também haja procura por alisamento. “Tem gente que alisa o cabelo porque gosta, mas tem outras que o fazem porque o trabalho impõe ou para se sentirem mais iguais às outras pessoas. Essas ainda não se assumiram”, disse a cabeleireira.
O percussionista baiano Ubiratã Jesus do Nascimento, de 40 anos, conhecido como Biradjham, cresceu envolvido com a cultura negra. Há 25 anos trabalha com música e já tocou com bandas famosas da Bahia.
Adepto do candomblé, Biradjham diz que os negros têm mais liberdade atualmente. “O movimento está mais forte. A mudança cultural vem de muito tempo, mas hoje tem mais força”.
Com informações da Agência Brasil.
* Publicado originalmente no site EcoD.