Sustentabilidade: diferencial competitivo do terceiro milênio

Tornar uma empresa mais competitiva não é fácil. Para enfrentar tal dilema muitos executivos da atualidade ainda recorrem a respostas semelhantes às registradas há mais de um século: a busca pela eficiência operacional máxima, com a adoção do que há de mais moderno em termos de tecnologia. Resultados? Redução de custos e melhores condições para enfrentar competidores.

Para a sociedade, esse posicionamento eficiente pode ser identificado de maneira geral como favorável, uma vez que empresas competitivas tendem a crescer mais, gerando empregos e renda. No entanto, essa postura não é suficiente para companhias que pretendem atingir a competitividade no sentido completo da palavra, reduzindo os riscos de seu próprio mercado no longo prazo, diante dos desafios impostos pelas questões ambientais. Nesse sentido, desenvolver uma estratégia que contemple a esfera ambiental – abrangendo as três dimensões do conceito de sustentabilidade – torna-se mandatório.

Essas duas formas de encarar a gestão corporativa podem ser encontradas no mundo todo. No caso das empresas que atuam no Brasil e que estão efetivamente preocupadas em inserir a sustentabilidade em sua estratégia de negócio, principalmente no que se refere à questão das emissões de gases de efeito estufa, há algumas particularidades importantes sobre a forma como podem agir.

Isso porque a matriz brasileira de emissões tem características muito particulares, a começar pela importância da participação das mudanças no uso da terra – leiam-se, desmatamentos e queimadas – no montante total de emissões. Na área de geração de eletricidade, grande vilão nos países com matrizes elétricas excessivamente térmicas – as hidrelétricas e outras fontes renováveis fazem sua parte.

Diante desse quadro, às empresas que não têm relação com o setor de agronegócios ou madeira, não causando, portanto, impacto nas florestas brasileiras, resta como principal oportunidade de ação a redução do gasto de combustíveis fósseis, usados principalmente nos sistemas de transportes. Esse fato, somado à disponibilidade, no Brasil, de etanol em larga escala, torna relativamente simples o desenvolvimento de ações em favor do meio ambiente.

Junto com uma gestão consistente do sistema de frotas, o uso do combustível de origem vegetal é um movimento que faz grande diferença. Isso porque a cana-de-açúcar capta o gás carbônico da atmosfera durante seu crescimento, neutralizando, portanto, as emissões do poluente ocorridas durante a queima do combustível nos motores dos automóveis.

Evidentemente que, para desenvolver uma estratégia consistente de sustentabilidade, as empresas também têm de avaliar o restante do seu contexto de atuação, observando seu ciclo de vida e, portanto, incluindo outros impactos que suas ações possam provocar, lembrando sempre que isso obrigatoriamente tem de ir além do respeito a todas as normas vigentes para aquela determinada atividade.

De qualquer forma, diante das características do nosso país, olhar para os sistemas de transportes é um passo muito significativo, que pode não só contribuir com o aumento da eficiência operacional da empresa, como reduzir seu impacto sobre o meio ambiente, de modo a fazer sua parte para preservar o planeta para as gerações futuras. Ao conciliar essas duas dimensões, a medida permite inclusive o apoio de diretores e gerentes que ainda vivem no século passado em termos de administração de empresas, além de estar totalmente em linha com o posicionamento de quem realmente quer ser sustentável.

* Eduardo Fleck Diefenthaeler é diretor de Marketing e Inovação da Ecofrotas.