Estudantes do ensino médio perdem entre 17% e 40% dos dias de aulas, sendo que o problema ocorre, na maioria dos casos, por falta de professor. O diagnóstico é de uma pesquisa do Ibope, em parceria com o Instituto Unibanco, que analisou 18 escolas públicas de ensino médio de três regiões metropolitanas do Brasil. Dos 48 dias letivos monitorados, os estudantes chegaram a perder 19.
Aplicada em 2010, a pesquisa visa a medir a “audiência” na escola, baseada em um cálculo que leva em conta o tempo de aula efetivamente disponível (chamado de oportunidade de ensinar) e o número de alunos que tiveram acesso a ela (oportunidade de aprender).
Segundo os resultados, divulgados na última semana, as escolas pertencem a três diferentes grupos. No primeiro, que reuniu aquelas com alta oportunidade de ensinar, cerca de 33 horas de aula previstas no calendário escolar deixaram de acontecer. Se considerarmos que a duração média de um dia letivo é de quatro horas, o tempo sem aula equivale a oito dias letivos.
No Grupo 2, considerado com média oportunidade de ensinar, o tempo total perdido durante o monitoramento foi de 51 horas, o equivalente a 13 dias letivos. Já no Grupo 3, que inclui as escolas consideradas com baixa oportunidade de ensinar, cada turma perdeu em média 77 horas de aulas previstas, o que representa 19 dias letivos a menos, dos 48 monitorados.
Fora da escola
O levantamento também analisou as atividades realizadas pelos alunos fora da escola. Em relação à tarefa de casa, por exemplo, apenas 53% do Grupo 1 – que representa o melhor cenário – executou o que havia sido pedido pelo professor. No Grupo 2 este valor cai para 45%, e no Grupo 3 para 39%.
Nos três casos, os trabalhos não são feitos nem por metade dos alunos. Apenas 37% dos estudantes do Grupo 3, 44% do Grupo 2, 48% no Grupo 1 afirmaram terem feito os trabalhos da escola. O dado mais grave diz respeito à leitura: somente de 6% (grupos 2 e 3) a 8% (Grupo 1) dos alunos disseram ter lido algum livro para as aulas.
* Publicado originalmente no Portal Aprendiz.