Durban, África do Sul, 8/12/2011 – Suécia, Grã-Bretanha e Alemanha ocupam os primeiros lugares no Índice de Proteção Climática 2012, cujos resultados foram divulgados esta semana na conferência das Nações Unidas que acontece nessa cidade. Entretanto, os três primeiros lugares da lista ficaram vazios porque nenhum país faz o suficiente para conter a mudança climática, segundo os critérios do Índice.
De acordo com critérios padronizados, o Índice avalia e compara a conduta quanto à proteção climática de 58 países que, juntos, respondem por mais de 90% das emissões mundiais de dióxido de carbono (CO²) vinculadas à produção e ao consumo de energia. A Suécia, com baixa quantidade de emissões, 50.600 toneladas por ano e uma tendência positiva de redução, segundo os últimos dados da Administração de Informação de Energia dos Estados Unidos (EIA), ocupa o quarto lugar.
O Índice é realizado anualmente pelas organizações Germanwatch e Rede de Ação Climática (CAN). “Os resultados deste ano mostram que, embora as emissões globais continuem aumentando, nenhum dos grandes contaminadores fez as mudanças concretas necessárias”, afirmou o diretor da CAN Europa, Wendel Trio. “Nenhum fez o suficiente”, acrescentou.
A política climática da Suécia não foi ambiciosa o suficiente e ficou curta quanto ao objetivo de a temperatura média mundial não aumentar mais do que dois graus centígrados, limite que pode dar lugar a uma mudança climática desastrosa. Por sua vez, a Grã-Bretanha, em quinto lugar, não conseguiu ajustar os tetos das emissões de carbono, enquanto os gases liberados pela Alemanha continuaram em níveis muito altos para colocá-la em um melhor lugar do que o sexto lugar.
“A qualificação média das políticas nacionais e internacionais é baixa”, afirmou o pesquisador Jan Burck da Germanwatch, um dos autores do estudo. “A maioria dos especialistas não está nem perto de satisfeita com os esforços de seus governos para não ultrapassar o limite de dois graus”, acrescentou.
Países como Turquia, em 58º lugar, Polônia, 56º, e Croácia, 53º, estão nas piores posições devido à avaliação de suas políticas climáticas. Enquanto exerceu a presidência do Conselho da União Europeia, a Polônia bloqueou a proposta de reduzir em 30% as emissões contaminantes do bloco até 2020. E a tendência das emissões e a desfavorável avaliação de suas políticas fizerem com que a Holanda (42º) perdesse 12 posições.
“Uma preocupação especial é que não cessa a tendência global de queimar carvão” e petróleo obtido das areias de alcatrão, alertou Burck. “É a principal razão para o aumento das emissões com relação ao produto interno bruto em muitos países”, acrescentou. A Suíça ficou em nono lugar, atrás de Brasil e França. O Brasil costumava ser um exemplo a ser seguido, mas perdeu sua posição pelo aumento de suas emissões de gases-estufa, inclusive as liberadas pelo desmatamento.
Os Estados Unidos subiram duas posições e ficaram em 52º devido à redução nas emissões, consequência da crise econômica e financeira. Contudo, continua na parte mais baixa da classificação pela má avaliação de suas políticas e pela enorme quantidade de gases que lança na atmosfera. Já a Índia, uma das economias emergentes, caiu 13 posições por causa de seu pior rendimento, especialmente na tendência das emissões.
“O Índice oferece números frios e tendências no contexto de negociações climáticas que costumam permanecer difusas. Esperamos que os países o utilizem como motivação para elevar suas ambições na luta contra a mudança climática”, afirmou Trio.
Com relação à China, o desempenho deste país está repleto de contradições, segundo os autores do estudo. É o maior emissor de dióxido de carbono, com 7,7 milhões de toneladas ao ano, segundo a EIA, e registra um drástico aumento de gases liberados na atmosfera, mas sua política nacional para reduzi-los se intensifica com rapidez.
“A China está construindo a metade da capacidade mundial instalada de energias renováveis ao ano”, disse Burck, prevendo que sua colocação no Índice “melhorará drasticamente”, quando isto começar a ter reflexos na tendência das emissões. Este país, México, Coreia do Sul e África do Sul têm as avaliações mais favoráveis em matéria de políticas para conter o fenômeno climático.
A África do Sul mostra melhor desempenho ano a ano, mas está na 38ª colocação porque suas emissões ainda são altas e mantém a dependência do carvão. A Austrália tomou medidas animadoras e subiu dez posições. Os especialistas reconheceram o novo imposto sobre carbono como uma iniciativa muito positiva. Mas suas emissões muito altas fazem com que permaneça entre os mais contaminantes, em 48º lugar.
Apesar de sua má colocação, “a Austrália apresenta uma tendência muito positiva. Uniu-se ao Protocolo de Kyoto apenas em 2007, mas agora adotou novas e importantes políticas para reduzir suas emissões de dióxido de carbono”, disse Trio. Este tratado, assinado em 1997 e vigorando desde 2005, obriga os países industrializados que o ratificaram a reduzir suas emissões até 2012 em 5,2% com relação aos níveis de 1990.
Os países pior situados na lista do Índice são Kazasquistão, Arábia Saudita e Estônia. A 17ª Conferência das Partes (COP 17) da Convenção Marco das Nações Unidas sobre Mudança Climática está reunida em Durban desde 28 de novembro, e até amanhã, para discutir novos compromissos de redução de gases contaminantes. Envolverde/IPS