Jerusalém, Israel, 13/1/2012 – Uma segunda reunião entre negociadores palestinos e israelenses aconteceu nesta semana em Amã, na Jordânia, e, como se temia, não se chegou resultados concretos, exceto um acordo para realizar outro encontro no final do mês. Como definir os contatos entre as duas partes já é um motivo de controvérsia. Israel e o Quarteto (instância de mediação internacional integrada por ONU, União Europeia, Estados Unidos e Rússia) falam de “negociações”, mas os palestinos dizem que se trata de “conversações preparatórias”.
De fato, o presidente da Autoridade Nacional Palestina (ANP), Mahmoud Abbas, duvida que os contatos “amadureçam para se converterem em verdadeiras negociações’, segundo fontes de seu país. Abbas disse que aceitou as reuniões apenas “como forma de agradecimento ao esforço” mediador do rei Abdalá II da Jordânia. Em dezembro, o monarca visitou a sede da ANP na cidade de Ramalá, na Cisjordânia, enquanto o chanceler jordaniano viajou a Belém no Natal. Mas o líder palestino continua condicionando as negociações com Israel à sua velha demanda de um congelamento na construção de colônias judias.
O fim da suspensão de dez meses na construção dos assentamentos, em setembro de 2010, supôs o fechamento da rodada anterior de negociações diretas. O primeiro-ministro de Israel, Benjamin Netanyahu, afirma que as negociações de paz devem recomeçar “sem pré-condições”. Depois de outra reunião com o rei jordaniano no dia 9, Abbas prometeu “explorar todas as possibilidades, apesar de débeis, para fazer avançar o processo de paz”, e anunciou uma terceira reunião no dia 26. Nessa data vencerá o prazo fixado pelo Quarteto para que os dois lados apresentem propostas em temas relacionados com segurança e fronteiras, com vistas à criação de um Estado palestino independente.
A única esperança é que, mesmo diante da falta de progressos, os palestinos se apeguem ao seu compromisso com o rei jordaniano e permitam que as conversações sigam além desse prazo. Abdalá se encontrará no dia 17 com o presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, na Casa Branca, para analisar a situação. Fontes israelenses citadas pelo jornal Haaretz destacaram que o principal objetivo dos mediadores era impedir que as conversações diretas se frustrassem novamente. “Os Estados Unidos querem que continuem dessa forma até o mais perto possível das eleições presidenciais de novembro”, afirmaram.
Isso seria um êxito pelo menos em relação a 2011, ano de inúteis esforços para resolver o problema do congelamento das colônias como requisito para iniciar as conversações. A construção de assentamentos continuou durante todo o ano passado, segundo informe divulgado no dia 10 pela organização não governamental israelense Peace Now. A matéria, intitulada “Torpedeando a solução dos dois Estados”, informa sobre um auge sem precedentes na construção desde 2002.
Em 2011, Israel aprovou a construção de 1.850 unidades habitacionais na Cisjordânia, aumento de 20% em relação a 2010, quando a taxa de expansão de colônias foi baixa devido à moratória aprovada por Netanyahu. Além disso, o governo israelense autorizou a criação de 3.690 apartamentos em bairros judeus da ocupada Jerusalém oriental. Há planos de mais 2.660 e outras 55 unidades foram construídas dentro de bairros palestinos. No dia 8, em uma coluna no jornal The Washington Post, o ex-intermediário de paz norte-americano Dennis Ross ofereceu ao Quarteto seus conselhos sobre como superar o atual ponto morto.
O polêmico diplomata (segundo funcionários palestinos, com inclinação a favor de Netanyahu) renunciou em dezembro, após 20 anos de serviços sob três governos norte-americanos consecutivos. Durante a administração Obama, Ross teria mantido um canal secreto com Netanyahu, assim minando o trabalho paralelo do enviado especial da Casa Branca ao Oriente Médio, George Mitchell, melhor visto pelos palestinos.
Mitchell renunciou em protesto por isso em maio de 2011, bem antes de uma cúpula entre Netanyahu e Obama na qual o presidente norte-americano proporia uma solução dos dois Estados “seguindo as fronteiras de 1967”. Isto significa o respeito aos limites existentes antes da Guerra dos Seis Dias.
Em sua coluna “Como romper a estagnação no Oriente Médio”, Ross propôs adotar uma série e medidas graduais para gerar confiança. “Não deve haver ilusões sobre a perspectiva de um avanço rápido”, afirmou, coincidindo com a conhecida avaliação do governo israelense de que só se pode aspirar acordos transitórios e uma “administração do conflito”.
O ex-negociador recomendou que Israel ponha fim às suas incursões militares em áreas da Cisjordânia sob controle palestino. Também sugeriu ampliar as zonas sob responsabilidade mista, permitindo maior acionamento das forças de segurança palestinas e maior acesso econômico palestino a áreas sob pleno controle israelense. Já durante sua campanha de 2009, Netanyahu falou em conseguir uma “paz econômica” com os palestinos. Entretanto, ainda não concretizou medidas para fomentar a confiança, com propõe Mitchell. Envolverde/IPS