ODS 8

Colaboração e dados são pilares para as finanças sustentáveis

A agenda de finanças sustentáveis vem ganhando protagonismo diante da emergência climática global. No Brasil, um dos principais desafios é acelerar a transição para uma economia de baixo carbono e avaliar com precisão os riscos climáticos das empresas que buscam financiamento. No entanto, a falta de dados unificados e de modelos mais robustos de divulgação do impacto ambiental das atividades econômicas tem dificultado a alocação eficiente de capital.

Colaboração e dados são pilares para as finanças sustentáveis

O Climate Finance Hub surge como uma resposta estratégica, oferecendo dados e ferramentas que facilitam a tomada de decisão, além de formar analistas capacitados para esse tipo de avaliação. O lançamento oficial da iniciativa marca um momento de impulsionamento das finanças sustentáveis no Brasil.

A equipe do Climate Finance Hub, formada em parceria com a Fundação Brasileira para o Desenvolvimento Sustentável (FBDS), UFRJ e CooperaClima, vem trabalhando há quase um ano na consolidação de uma metodologia de análise da transição climática. Até o fim de 2024, serão avaliadas 30 empresas brasileiras de capital aberto dos setores de indústria, energia e transporte, áreas cruciais na transição para uma economia de baixo carbono.

“O Brasil já possui várias ações climáticas. Nosso desafio agora é unificar e ampliar as parcerias. O Climate Finance Hub, como modelo colaborativo, vai integrar esforços financeiros às políticas que tornem o país mais competitivo”, destacou Linda Murasawa, Líder de Engajamento do Setor Financeiro do Hub.

O Hub usa a metodologia Assessing Low-Carbon Transition (ACT), desenvolvida pelo CDP e pela Agência Francesa para Transição Ecológica (ADEME), que será aplicada pelo Hub para consolidar dados e análises, em parceria com a plataforma TransitionArc, da Climate Arc.

Meryam Omi, da Climate Arc,  destaca a importância de dados mais organizados para apoiar análises decisivas. “Temos muitas ferramentas de disclosure, mas com transparência limitada e dados desestruturados. A Transition Arc reúne essas informações, fornecendo uma visão mais clara e estruturada para quem toma as decisões”.

Até 2025, a meta do Climate Finance Hub é avaliar 300 empresas e formar analistas especializados em finanças sustentáveis. O objetivo é criar uma plataforma “one-stop-shop” que facilite o acesso a ferramentas de análise de transição climática, promovendo a integração entre grandes corporações e pequenas e médias empresas, essenciais para a economia real.

“O Hub tem o potencial de identificar setores ainda imaturos na sua jornada de transição climática e ajudar na formulação de políticas públicas que promovam avanços significativos, inclusive para pequenas e médias empresas”, complementa Murasawa.

Maria Netto, CEO do iCS, corrobora com a visão, apontando que empresas internacionais exigirão cada vez mais transparência de suas fornecedoras brasileiras. “O Hub busca fornecer metodologias e ferramentas para desenvolver estratégias de transição climática de maneira mais clara e objetiva”, afirma.

Na presidência do conselho do Climate Finance Hub Brasil está Joaquim Levy, que destaca a crescente pressão regulatória. “O Brasil tem avançado na regulação socioambiental para os bancos, e as empresas precisam estar preparadas. O sistema financeiro deve atuar como facilitador da rota net zero”, afirmou o ex-ministro.

“O grande valor do Hub está na transformação de dados em inteligência para apoiar a transição climática das empresas e investimentos, mobilizando o capital necessário para uma economia produtiva e positiva para o clima, natureza e pessoas”, contribui Marcelo Furtado, Head de Sustentabilidade da Itaúsa.

Envolverde