O aumento vertiginoso do assassinato de jovens no Brasil é apenas um reflexo do que considero nossa maior bomba social: o abandono da juventude. É um tema que, apesar de todos os avanços, ainda está não está na agenda do brasileiro.
O problema do assassinato é, claro, grave. Mais grave ainda, já que afeta milhões de brasileiros, é o maior gargalo da educação brasileira: o ensino médio, onde existe uma expressiva evasão. Mesmo os que não abandonam a escola veem pouco interesse no que aprendem (ou deveriam aprender) em sala de aula, tamanha a desconexão com a realidade.
É mínima a porcentagem dos alunos que saem do ensino público com conhecimentos apropriados em português e matemática. Basta ver que, mesmo entre universitários, existe uma espécie de analfabetismo funcional. Leem mas não entendem um texto.
Criam-se assim batalhões de jovens com baixa escolaridade e poucas perspectivas profissionais, vivendo em comunidade em que impera a delinquência. Na maioria das vezes, são lugares sem opções de lazer, tirando os bares. Natural a tentação de entrar no mercado da droga ou das quadrilhas.
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Uma das saídas é a educação em tempo integral nas comunidades mais pobres, onde os alunos tivessem muito estímulo cultural e ensino técnico para obter um emprego.
É caro, eu sei. Mas não oferecer boa educação sai mais caro ainda. Muitas vezes, custam vidas.
* Gilberto Dimenstein é colunista e membro do Conselho Editorial da Folha de S.Paulo, comentarista da rádio CBN, e fundador da Associação Cidade Escola Aprendiz.
** Publicado originalmente no site Portal Aprendiz.