‘Economist’ dá nota zero para a infraestrutura brasileira

Brasil ocupa o 104º lugar em qualidade de infraestrutura na lista do Fórum Econômico Mundial. Foto: Reprodução/Internet.

Revista questiona a capacidade do Brasil de aumentar investimentos em infraestrutura para os Jogos olímpicos de 2016 e a Copa de 2014

“Se o candidato republicano à presidência dos EUA, Mitt Romney, duvidava da preparação de Londres para receber os Jogos olímpicos, o que diria ele em relação ao Brasil?”, questiona uma mordaz reportagem da revista ‘Economist’ publicada nesta quinta-feira, 9.

As Olimpíadas de 2016 e a Copa de 2014 serão realizadas em um país que tem apenas 14% das suas estradas pavimentadas, revela o texto. O Brasil ocupa o 104º lugar em qualidade de infraestrutura na lista do Fórum Econômico Mundial, atrás de China (69º lugar), Índia (86º lugar) e Rússia (100º lugar). A lista contém 142 países.

No porto de Santos, o maior porto brasileiro, o correspondente da revista inglesa diz, com ironia, ter observado homens limpando os restos de um navio cuja carga, composta de agentes químicos, explodiu na distante década de 70.

Em teoria, sugere o correspondente, a urgente carência de infraestrutura no Brasil pode gerar um alto pico de investimentos. De 2011 a 2014, o governo irá gastar R$ 163 bilhões, ou seja, 1% do PIB anual do Brasil, como parte do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC).  Entrevistado pela ‘Economist’, Arthur Carvalho, o economista-chefe para o Brasil do banco Morgan Stanley, disse, entretanto, que isso ainda não é o bastante. De acordo com um relatório divulgado pelo banco em 2010, o país precisará gastar de seis a oito por cento do PIB anualmente para ser capaz de se igualar à Coréia do Sul daqui a 20 anos, e quatro por cento anualmente para se igualar ao Chile.

Diversas razões levam a crer que o capital privado não irá fornecer grande ajuda, prenuncia a reportagem. Financiar projetos de infraestrutura de longo prazo em reais é muito caro e conseguir licença ambiental para dar início a um projeto do tipo é extremamente complicado, o que acaba causando atrasos de até cinco anos.

A ‘Economist’ conclui que a vontade dos investidores de enfrentar atrasos, burocracias e altos custos irá depender do retorno que irão receber. Os investidores em infraestrutura querem projetos duradouros com fluxos de caixa estáveis??, o que significa que provavelmente irão deixar para o governo a tarefa de construir estádios que podem ser mal utilizados após os Jogos olímpicos de 2016, como ocorreu com diversas instalações construídas no Rio para os Jogos Pan Americanos de 2007.

* Publicado originalmente no jornal The Economist e retirado do site Opinião e Notícia.