Acampamentos de verão podem ser alternativa barata para os pais manterem crianças longe de problemas.
Alguns têm as caras pintadas como o Homem-Aranha, outros como brilhantes borboletas. Crianças chegam todas as manhãs da semana em acampamentos com os olhos brilhantes e lancheiras cheias, prontas para um dia agitado. Além de se divertirem na parede de escalada (em que, sem dúvida, elas se sentem como o Homem-Aranha), eles cantam, dançam, cozinham, nadam, atiram flechas e desenham.
O poeta William Blake comparou crianças na escola como aves em gaiolas. (Aparentemente ele pensava que prendê-las era uma coisa ruim.) Durante as férias de verão, os pequenos são liberados e os pais aflitos devem encontrar maneiras de mantê-los longe de problemas. Os norte-americanos há muito tempo recorrem a acampamentos de verão. Algumas semanas longe ensinam aos jovens a autossuficiência e novos palavrões.
A ideia está se espalhando. Na Grã-Bretanha, onde a creche é cara, uma família de classe média, com dois assalariados, gasta 27% de sua renda com o serviço. O Super Camps, uma rede nacional, cobra $ 60 por dia no máximo. A rival de menor porte, Camp Energy’s em Oxfordshire, cobra ainda menos. Para muitos, os preços são uma pechincha.
Em uma estimativa, 250 mil crianças britânicas participam de acampamentos de verão a cada ano. Seu objetivo, diz o fundador do Camp Energy’s, Barry Grinham, é “aliviar a dor dos pais”. Sua principal concorrente, a fundadora da Super Camps, Justine Longford, diz que a sua função é o cuidado com as crianças longe da família.
Os acampamentos nos Estados Unidos operam em uma escala maior. A Associação de acampamentos norte-americana estima que mais de dez milhões de crianças, incluindo Sasha e Malia Obama, filhas do presidente Barack Obama, vão participar de um neste verão. Campos especializados se propagam: para os fãs de robótica, diabéticos, crianças cujos pais estão no exército ou na prisão, e assim por diante. Regulamentos mais claros fazem acampamentos norte-americanos mais divertidos.
Alguns campos são oportunidades de marketing. O US Sports Camps (USSC), por exemplo, é patrocinado pela Nike, empresa de artigos esportivos. Mais de 55 mil crianças vão participar de um dos 450 campos neste verão. De acordo com o presidente da Nike, Steve Pence, os acampamentos geram US$ 30 milhões por ano e têm crescido constantemente nos últimos quatro anos: ”A última coisa que os pais vão cortar é algo para o seu filho”, explica ele.
O USSC está tentando invadir a China. Ela abriu campos de esportes em Pequim e Xangai, também patrocinados pela Nike. No entanto, Pence descreve o mercado chinês como “desafiador”. Os casais chineses têm normalmente uma criança, cujos quatro avós não têm outros netos. Encontrar alguém para cuidar do seu filho é mais fácil em Pequim do que em Baltimore ou Balham.
* Publicado originalmente no jornal The Economist e retirado do site Opinião e Notícia.
