Os países deveriam tomar medidas imediatas para promover dietas sustentáveis e sua biodiversidade alimentar, como forma de melhorar a saúde de seus cidadãos. Publicada na primeira semana de agosto em um livro lançado em conjunto com a organização não governamental Bioversity International, a avaliação é de uma agência da ONU que trata do tema.
“Apesar dos muitos sucessos da agricultura nas últimas três décadas, é evidente que os sistemas alimentares e dietas não são sustentáveis”, afirmou a responsável pela Divisão de Proteção ao Consumidor e Nutrição da Organização das Nações Unidas para a Agricultura e Alimentação (FAO), Barbara Burlingame, no prefácio do livro Dietas Sustentáveis e Biodiversidade.
“Enquanto mais de 900 milhões de pessoas no mundo sofrem de fome, muitas outras – cerca de 1,5 bilhão – estão com sobrepeso ou obesas. Estima-se que dois bilhões sofrem de má nutrição de micronutrientes, incluindo a vitamina A, ferro ou deficiência de iodo”, acrescentou Burlingame, destacando a ligação entre a má alimentação e doenças não transmissíveis, como diabetes e doenças cardiovasculares.
O livro assinala que a entrada da agricultura industrial e do transporte de longa distância fizeram carboidratos refinados e gorduras acessíveis e disponíveis em todo o mundo, levando a uma simplificação geral de dietas e à dependência de um número limitado de alimentos ricos em energia. No entanto, esses alimentos não têm a qualidade de nutrientes e têm carbono pesado.
Segundo a FAO, apenas três culturas – milho, trigo e arroz – atualmente fornecem 60% da energia da dieta a partir de plantas em nível global. Além disso, como o rendimento das pessoas no desenvolvimento de países aumenta, elas estão mais propensas a abandonar tradicionais alimentos de origem vegetal em favor de dietas ricas em carne, laticínios, gorduras e açúcar.
“Nossos sistemas alimentares precisam passar por transformações radicais para uma utilização mais eficiente dos recursos e maior eficiência e equidade no consumo de alimentos”, destacou Burlingame.
Essa mudança de dieta e a excessiva dependência de determinadas culturas têm tido um papel significativo na diminuição da diversidade genética vegetal e animal, argumenta a obra, observando que, de 47.677 espécies avaliadas pela União Internacional para a Conservação da Natureza, 17.291 estão ameaçadas de extinção.
* Publicado originalmente no site EcoD.