Todos os candidatos querem se apresentar como inovadores – o que é ótimo. Mas, por enquanto, não vi nenhuma inovação. Apenas a repetição do que já se fala há muito tempo, como levar empregos para a periferia ou adensar as regiões centrais – objetivos obviamente necessários.

O que vejo de fato inovador (e não ouvi ninguém falando) é uma medida que já integra o Plano Diretor da cidade de São Paulo: criar planos de bairros, um projeto defendido há muito tempo pelo professor e urbanista Cândido Malta. É algo que, de fato, mexeria com a cidade, onde nem sequer existem limites para cada bairro.

Cada bairro teria seu plano, gerado pela comunidade em parceria com o poder público. Numa cidade desse tamanho, ingovernável, seria uma mudança de planejamento e de participação, gerando um senso de pertencimento. O paulistano não se identifica com os gigantescos distritos – mas com o seu bairro.

Assim se discutiriam do trânsito, passando pelas calçadas, até os limites da verticalização, a partir de uma visão de vizinhança. Seria assim criada uma cidade de baixo para cima.

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Urbanistas e arquitetos paulistanos estão, desde o ano passado, desenhando o piloto do que seria um plano de bairro, cujo objetivo é inspirar toda a cidade. Já dá para ver aqui algumas imagens.

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Por falar em inovação, vale a pena prestar a atenção na escola que o educador José Pacheco está fazendo na região metropolitana de São Paulo. Não tem séries, classes nem provas. É de uma ousadia total. A escola é gratuita, batizada de Âncora.

* Gilberto Dimenstein é colunista e membro do Conselho Editorial da Folha de S.Paulo, comentarista da rádio CBN, e fundador da Associação Cidade Escola Aprendiz.

** Publicado originalmente no site Portal Aprendiz.