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A segurança de Mali chega de fora

Foto: Reprodução/Internet

Bamako, Mali, 14/2/2013 – Soldados da Missão Internacional de Apoio a Mali liderada pela África (Afisma) continuam chegando a este país, enquanto o exército local continua envolvido em divisões internas. Soldados de Benim, Costa do Marfim e Senegal, países que representam a Comunidade dos Estados da África Ocidental (Ecowas) na Afisma, chegaram nos últimos dias. Segundo uma fonte próxima ao Ministério da Defesa de Mali, estima-se que antes do final deste mês haverá neste país mais de cinco mil soldados da África ocidental, dos quais cerca da metade já chegou.

A localidade de Markala abriga atualmente aproximadamente 600 soldados de Burkina Faso. “Nos sentimos mais seguros desde a chegadas dos soldados burquinenses. Estão instalados na escola militar e não causam problemas a ninguém”, disse à IPS o prefeito de Markala, Demba Diallo. “Dificilmente passa mais de cinco minutos sem que se veja esses soldados patrulhando. Garantem a localidade e áreas vizinhas”, destacou.

No povoado próximo de Ségou estão estacionados 250 soldados nigerianos, enquanto as forças de Togo estão em San, um pouco mais ao norte. Os soldados de Níger foram enviados diretamente à base em Gao, uma das maiores cidades do norte de Mali, liberada há alguns dias da ocupação islâmica pelas tropas francesas.

A França lançou uma intervenção militar em Mali no dia 11 de janeiro a pedido do presidente interino desse país, Dioncounda Traoré, depois que os grupos muçulmanos radicais avançaram para a localidade de Konna, 60 quilômetros a nordeste de Mopti. Desde abril de 2012, cerca de dois terços do país foram ocupados pelos islâmicos. Depois da vitoriosa intervenção, a França agora prevê retirar suas forças no final de março.

Por outro lado, começaram as negociações para colocar as tropas da Ecowas sob o comando da Organização das Nações Unidas (ONU). Contudo, a rede britânica BBC informou que o vice-secretário-geral da ONU, Jan Eliasson, admitiu, no dia 12, que o governo de Mali ainda “vacilava” em permitir a entrada de uma força de paz da ONU.

“Entre 65% e 70% dos contingentes da Afisma já estão em Mali”, informou o porta-voz dessa missão, Yao Adjoumani, em entrevista coletiva em Bamako, no dia 6 deste mês. Adjoumani anunciou que as tropas da Guiné haviam cruzado a fronteira de Mali, e acrescentou que a Afisma estará plenamente instalada ainda este mês. Entretanto, negou-se a revelar o número total de soldados, suas posições e o cronograma de deslocamento, argumentando razões de segurança.

Por sua vez, altos funcionários governamentais pediram unidade dentro do exército do Mali. No dia 8, Bamako foi sacudida por enfrentamentos entre os Boinas Vermelhas, que apoiam o deposto presidente Amadou Toumani Touré, e os Boinas Verdes, que apoiam os líderes do golpe de março de 2012. Fontes hospitalares informaram que dois adolescentes morreram e 13 pessoas ficaram feridas a tiros em razão desses combates. “Neste momento Mali precisa de um exército unido. Temos que nos concentrar na total libertação do país. Isto alcançado, o exército poderá resolver suas diferenças”, disse à IPS por telefone Mahamane Cissé, alto funcionário em Gao.

O Programa Mundial de Alimentos (PMA) reiniciou a distribuição de comida no norte do país. Essa agência da ONU havia suspendido as entregas no mês passado. “A distribuição de alimentos em localidades do norte, como Timbuktu, Goundam e Niafunké, começou a ser feita de barco”, confirmou à IPS o chefe de comunicações do PMA, Daouda Guirou. A abertura da estrada Sevar-Douentza permitiu a entrega de alimentos em Gao, onde “a distribuição entre os moradores começará em breve”, ressaltou Guirou. Envolverde/IPS